Português em Trípoli: «Combates continuam» - TVI

Português em Trípoli: «Combates continuam»

Cidadão nacional pediu para não ser identificado por razões de segurança

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ACTUALIZADA ÀS 13h57

Uma família portuguesa radicada há quase dois anos em Trípoli é testemunha forçada dos combates pelo controlo da capital líbia, que já alastraram ao bairro onde vive, a centenas de metros do quartel-general de Muammar Khadafi.

«Os combates continuam e alastraram ao nosso bairro», disse à Lusa o cidadão português contactado telefonicamente e que pediu para não ser identificado por razões de segurança.

«Somos a única família estrangeira neste bairro. Viemos para cá em Janeiro e desde logo fomos bem acolhidos, mas a situação no bairro ainda não está muito bem definida», disse.

Enquanto decorria a conversa telefónica, era audível o som de tiros de armas ligeiras, algo a que esta família, dois adultos e duas crianças, já se habituou e que testemunha desde sábado, quando se iniciou a operação pelo controlo de Trípoli.

«Ouvimos disparos. Não na nossa rua propriamente dita, mas no bairro», notou.

A proximidade do quartel-general de Khadafi obriga a família portuguesa a acompanhar a luta que se desenrola ao nível dos combates de rua e dos ataques aéreos levados pelos aviões da NATO.

«Esta manhã voltámos a ouvir os aviões, mas no sábado os sobrevoos foram em muito maior número. A maior parte dos ataques da NATO são cirúrgicos e o ataque mais próximo que sentimos foi no sábado, com quatro ou cinco explosões», recordou.

A integração do casal em Trípoli, onde vive desde Novembro de 2009, foi facilitada pelo facto de marido e mulher falarem árabe.

«Todos nós sabemos árabe. A minha filha mais velha estuda numa escola líbia. É vital saber árabe, porque quase todas as indicações, quase todos os sinais são em árabe», destacou.

A residir desde Janeiro num bairro próximo do quartel-general do líder líbio, os vizinhos desta família portuguesa ainda não se definiram relativamente à situação que se vive no terreno.

«É um bairro que ainda não está muito bem definido. Dizia-se que Khadafi tinha muitos apoiantes, mas não tem aqueles sinais de apoio à revolução de 17 de Fevereiro (data do início do levantamento armado contra o regime). Ainda não existem bandeiras da independência. As mesquitas, que noutras zonas da cidade emitem cânticos desde sábado, aqui ainda não ouvimos nada disso», salientou.

A novidade no fim-de-semana foi a retomada do acesso à Internet. «Voltou ao fim de tantos meses. Ontem (domingo) já pudemos falar com a família via Skype. Abriram finalmente desde a última ligação em Fevereiro. Praticamente já nos tínhamos esquecido de ir à Internet», concluiu.
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