Militares podem fazer «disparates» com efeitos na democracia - TVI

Militares podem fazer «disparates» com efeitos na democracia

General Loureiro dos Santos

Loureiro dos Santos, antigo chefe de Estado-maior do Exército, alerta para o desespero no sector

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NOTÍCIA ACTUALIZADA

O desespero de alguns militares mais jovens face às políticas do Governo para o sector poderá levá-los a fazer «disparates» com efeitos nefastos na nossa democracia portuguesa. O alerta partiu do general Loureiro dos Santos.

Segundo o antigo chefe de Estado-maior do Exército, em declarações à «TSF», «há militares jovens que também já se aperceberam das injustiças a que a instituição e eles próprios estão a ser sujeitos em comparação com as profissões que são consideradas como equivalentes às profissões militares».

Loureiro dos Santos acrescenta que há o risco de alguns desses jovens «mais corajosos, destemidos, talvez menos prudentes, por vezes, exagerarem na forma como publicamente mostram o seu desagrado».

«Essa gente pode fazer alguns disparates, mas que poderão ter uma certa repercussão pública não só nacional, mas até internacional e portanto ter também efeitos muito negativos para a nossa democracia avançada e madura», declarou à mesma rádio.

Intervenção superior

«Eu julgo que a solução deste problema passa pelas principais figuras do Estado, pelo primeiro-ministro e pelo Presidente da República - como comandante supremo das Forças Armadas -, mas especialmente pelo primeiro-ministro, que é o chefe do Governo e é aquele que tem a responsabilidade primária de atender a estes problemas», acresentou à Lusa.

Para Loureiro dos Santos, «as questões essenciais - o sistema remuneratório, o pagamento de pensões e a questão do apoio de saúde [aos militares] não têm sido resolvidas» pelo Governo de José Sócrates.

«Penso que o primeiro-ministro estará preocupado com isto, pretende resolver este problema ou pretende minorar as situações inconvenientes que existem, mas convém que não fique para as calendas, a verdade é que isto já se anda a dizer há muito tempo e em termos concretos não tem sido nada praticamente feito», afirmou o ex-chefe de Estado-Maior do Exército.

Declarações fazem eco

Os alertas de Loureiro dos Santos são confirmados pelo presidente da Associação Nacional de Sargentos, acrescentando que a fim da assistência na saúde para os militares poderá gerar actos de desespero, exigindo uma intervenção imediata do Governo.

«São estes alertas que é preciso perceber antes que possa haver efectivamente uma situação dramática, que gostaríamos que nunca acontecesse, porque os militares não podem ser vistos como um vulgar agente da Administração Pública», declarou ainda Lima Coelho.

Também o presidente da Associação dos Oficiais das Forças Armadas, Alpedrinha Pires, subscreve o apelo, sublinhando, à «TSF», as «condições gravosas» que lhe estão a ser impostas. Para este militar, «isto não é compatível com os objectivos que o Governo estabeleceu de harmonização entre diferentes quadros da Função Pública».

O antigo chefe de Estado-Maior do Exército general Loureiro dos Santos defendeu hoje que é o primeiro-ministro que tem "a responsabilidade primária" de atender aos problemas e reivindicações feitas pelas associações militares ao longo dos últimos anos.
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