Matemáticos ajudaram a ganhar II Guerra Mundial - TVI

Matemáticos ajudaram a ganhar II Guerra Mundial

  • Portugal Diário
  • 7 nov 2007, 17:50

Professor defende «ensino da matemática aplicado a nível militar, tecnológico e da saúde»

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O professor universitário Jaime Carvalho e Silva defendeu hoje que os vencedores da II Guerra Mundial «devem grande parte da vitória aos matemáticos que nos bastidores decifraram os códigos secretos usados pelos alemães», escreve a Lusa.

No âmbito do XXIII Encontro Nacional dos Professores de Matemática, que decorre em Angra do Heroísmo até sexta-feira, Jaime Carvalho e Silva sustentou que «o mistério da máquina alemã Enigma foi decifrado por matemáticos polacos e ingleses».

«Ao contrário do que a História regista, o primeiro computador não foi americano mas inglês, denominado ¿A Bomba¿, que ajudou a reduzir os milhões de combinações que os códigos possuíam», precisou.

Segundo Carvalho e Silva, «foi na pose dos códigos que foi possível começar a afundar os submarinos alemães na Batalha do Atlântico e a partir daí os EUA puderam então abastecer com maior segurança os países europeus, mudando assim a sorte da guerra».

«A guerra não é, assim, apenas uma questão de batalhas, políticos e discursos inflamados, porque há todo um trabalho técnico de retaguarda que assegura as decisões que os responsáveis venham a tomar», acrescentou.

Para este professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, «a matemática foi, na guerra, uma ferramenta poderosíssima», o que no seu entender levanta «questões éticas interessantes sobre a responsabilidade social dos matemáticos, incluindo os professores».

Jaime Carvalho e Silva preconiza «um ensino da matemática baseado na sua importância e aplicação aos níveis militar, tecnológico e da saúde, em resumo em todas as profissões».

«Quando os alunos não percebem as extensões das aplicações da matemática ignoram que mesmo com elevadas formações em outras áreas falham porque não possuem bases da matemática", sublinhou.

Ensino da matemática aplicada a fins militares

Por seu turno, o professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Brasil) Wagner Rodrigues Valente dissertou sobre a «Genealogia Profissional do Professor de Matemática», aludindo à primeira aplicação da disciplina para fins militares.

«O nosso tetravô (século XVIII) professor de matemática era militar, usando os cálculos de uma forma relativamente prática e útil, orientados para a construção de fortificações, com altas muralhas, e manuseamento das armas», referiu Rodrigues Valente.

«Depois, com a concepção de defesa do território com a invenção do canhão a pólvora, o tetravô já precisa de utilizar a geometria para se defender», explicou.

O bisavô (século XIX) já não vai utilizar a matemática só no sentido prático/utilitário, mas num nível mais alargado, porque ela passa a ser um saber de cultura geral e escolar.

No final do século XIX e princípio do século XX, «encontramos o avô profissional que surge em resultado da primeira discussão internacional sobre o que deve ser o ensino da matemática», disse também Rodrigues Valente, adiantando que essa discussão «decorre em 1908, em Roma, durante um congresso de matemáticos».

«Pela primeira vez os especialistas na matéria criaram uma comissão para projectar o ensino generalizado da matemática em todo o mundo, por considerarem que aquele saber ultrapassava as fronteiras nacionais», acrescentou.

Finalmente, segundo este especialista universitário, "o pai profissional da matemática nasce com o movimento da matemática moderna, na segunda metade do século XX".

Wagner Rodrigues Valente sublinha que foi «formulada uma nova proposta internacional sobre o ensino da matemática, o aparecimento dos conjuntos, herança da qual ainda vivemos».
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