A família do jovem de 29 anos que morreu no Hospital São José na madrugada de 14 de dezembro vai apresentar uma queixa-crime "contra todos os envolvidos na cadeia de decisão" sobre a alegada falta de assistência ao jovem.
Em conferência de imprensa realizada nesta sexta-feira em Lisboa, Francisco Manaio, tio de David Duarte, adiantou que a família pretende apurar todas as responsabilidades e saber se os meios do Serviço Nacional de Saúde (SNS) foram bem geridos.
A advogada deste caso, Cristina Malhão, adiantou que a queixa vai ser entregue ao Ministério Público em meados da próxima semana.
"A família do David Duarte tem todo o direito de fazer chegar a sua queixa ao MP, independentemente de sabermos que existe um inquérito a decorrer. (…) Cabe ao Ministério Público apurar todos os factos, ao nível da organização e do planeamento dos meios do SNS", afirmou.
A advogada disse estar convicta de que “existem responsabilidades” e que todas elas devem ser apuradas: “apurar todas as responsabilidades sem qualquer tipo de exceção, não há nenhuma razão para ficar de fora qualquer tipo de responsabilidades. Estamos a falar de uma situação que era do conhecimento público.”
Cristina Malhão vincou que é do domínio público que “o hospital de São José não dispunha de uma equipa de neurocirurgia a trabalhar nos fins de semana”.
“Mas essa avaliação, a forma como essa decisão foi tomada, em que medida a coordenação entre os serviços hospitalares funcionou ou não, é precisamente o que se pretende apurar”, declarou.
Quanto a um eventual pedido de indemnização, os advogados da família sublinham que esta não é uma questão prioritária, mas que certamente no futuro isso será analisado.
O tio de David Duarte frisou igualmente que a família pretende “somente apurar as responsabilidades e perceber se os meios existentes no SNS foram geridos de acordo com as normas e a lei em vigor”.
“O David era um jovem de 29 anos que viu a sua vida interrompida por não ter sido socorrido de forma eficaz e atempadamente no hospital de São José. Um hospital que pertence ao SNS, a que todos recorremos quando necessário. Foi o David que morreu naquele dia, podia ter sido qualquer um de nós”, declarou Francisco Manaio.
O caso de David Duarte, que deu entrada no São José com um aneurisma roto, motivou já a constituição de um grupo coordenador da Urgência Metropolitana de Lisboa para avaliar os “constrangimentos existentes” nos hospitais e preparar soluções que devem começar a ser aplicadas em fevereiro.
O PS e o PCP também já aprovaram um requerimento para ouvir o ministro da Saúde e os dirigentes da saúde demissionários na sequência deste caso.
David Duarte deu entrada no hospital de São José numa sexta-feira a necessitar de uma intervenção da área da neurocirurgia, tendo acabado por não ser intervencionado alegadamente por falta de equipa especializada.
O presidente da Sociedade Portuguesa de Neurocirurgia defendeu que o tratamento ministrado ao paciente David Duarte foi o adequado e que o hospital fez bem em não transferir o doente.
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, diz que a decisão da família do doente é “compreensível” e que está a acompanhar estes últimos desenvolvimentos com “absoluta normalidade”, em declarações à margem da cerimónia de posse do novo conselho diretivo do Infarmed.
Morte no S. José: família de David Duarte avança com queixa-crime
- Redação
- CM
- 15 jan 2016, 15:22
Jovem de 29 anos morreu no hospital quando aguardava a disponibilidade de uma equipa de neurocirurgia para ser operado
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