Aurélio Palha morreu com manuscrito no bolso - TVI

Aurélio Palha morreu com manuscrito no bolso

Funeral Aurélio Palha (foto PEDRO FERRARI/ LUSA)

Papel era uma espécie de «estratégia de defesa» jurídica dos suspeitos do homicídio do segurança Nuno Gaiato

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O empresário Aurélio Palha tinha num bolso, quando foi abatido a tiro, um manuscrito com uma espécie de «estratégia de defesa» jurídica dos suspeitos do homicídio do segurança Nuno Gaiato, a primeira vítima da espiral violenta de 2007 no Porto.

A informação foi confirmada hoje, perante o tribunal que julga este processo do dossier «Noite Branca», por inspectores da Polícia Judiciária (PJ) envolvidos nas primeiras diligências relativas ao homicídio de Palha, dono da discoteca «Chic».

Entre os suspeitos da morte de Nuno Gaiato encontrava-se o segurança Alberto Ferreira, com quem Aurélio Palha conversava na altura em que foi assassinado e que mais tarde também seria abatido a tiro.

Gaiato, por sua vez, terá integrado o grupo de seguranças da Ribeira, liderado por Bruno Pinto (Pidá), um dos seis acusados pelo homicídio consumado do empresário e tentado do segurança.

«Havia um conflito latente», concluiu, perante o tribunal, o inspector da PJ Machial Pinto.

No seu depoimento, este investigador contou que no local do crime encontrou cinco munições de calibre 9 mm e três cartuchos 12 mm (de caçadeira).

Acrescentou que visionou imagens de videovigilância de vários estabelecimentos que, conjugadas, permitiram perceber a movimentação de viaturas em coluna na zona e na altura do crime. Dessas imagens, deu para perceber também as características das viaturas, mas não as matrículas nem os ocupantes, referiu.

O chefe da PSP Rui Mendes, que veio a integrar a equipa especial para investigar estes homicídios do Porto, disse mais tarde ao mesmo tribunal que uma reconstituição da movimentação dos automóveis retirou quaisquer dúvidas à investigação.

Machial Pinto afirmou que a viatura de onde terão sido feitos os disparos era uma Mercedes, que foi apreendida quatro meses após o crime em Peso da Régua, quando já tinha outro proprietário, e uma perícia indicou que havia no seu interior vestígios de pólvora.

O inspector assegurou que o novo dono negou ter usado armas no veículo mas admitiu, quando questionado pela defesa de Bruno Pidá, que essa eventualidade não foi investigada pela própria PJ.

Aludiu ainda a uma diligência da PJ que permitiu testar se Alberto Ferreira podia ou não ter visto quem eram os ocupantes da Mercedes. Numa primeira fase, Alberto nada disse a este respeito mas, posteriormente, afirmou à polícia que os ocupantes eram os arguidos Bruno Pidá e Mauro Santos, além de um terceiro que não está acusado no processo.

«Era possível, àquela distância e com aquelas condições de luminosidade, ver quem seguia na viatura» de onde foram feitos os disparos fatais, afiançou Machial Pinto.

Logo na primeira audiência, o tribunal excluiu da prova todos os testemunhos do segurança por terem sido prestados apenas perante um órgão de polícia criminal, mas, em anterior sessão de julgamento, a viúva de Alberto Ferreira, Andrea Machado, confirmou-o, embora algo hesitante: «Acho que foi isso que ele disse».

O julgamento prossegue na terça-feira, de manhã, e no dia 25, todo o dia, neste caso com a inquirição de agentes da PJ que não puderam comparecer na sessão de hoje.
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