Os nomes de todos os suspeitos ligados à ETA que podem estar a operar em Portugal estão, «sem dúvida nenhuma», nas mãos das autoridades portuguesas, adianta ao tvi24 José Manuel Anes, presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT). O mesmo responsável revela ainda que um aumento da vigilância em Portugal é «fundamental» e que a visita do Papa vem em «boa hora».
«Não tenho dúvida nenhuma que essas listas estão com as autoridades nacionais. As autoridades espanholas necessitam da total colaboração de Portugal e essa partilha de informação é lhes conveniente», sustenta o responsável. A partilha de informações entre as autoridades é há muito tida como fundamental na luta contra o terrorismo e à partida um procedimento habitual. Mas, na prática, nem sempre é assim.
O tvi24.pt solicitou esclarecimentos à GNR sobre a operação no terreno, mas a Guarda recusa fazer qualquer declaração.
As equipas mistas de combate ao terrorismo entre Portugal e Espanha estão há dois anos na gaveta e só agora, com a descoberta da «casa armada» em Óbidos, parecem avançar, apesar da colaboração com Espanha já existir, mas sobretudo ao nível da GNR, segundo confirmaram fontes policiais.
Os ministérios português e espanhol deverão sentar-se à mesma mesa «nas próximas semanas», afirmou o secretário de Estado da Segurança espanhol, Antonio Camacho. «Continuamos a trabalhar ombro a ombro com as autoridades portuguesas», disse citado pela Lusa.
A colaboração entre as autoridades portugueses tem sido, mais uma vez, alvo de críticas. Em causa estará o desconforto de altos cargos da Polícia Judiciária pelo facto da GNR ter chegado primeiro aos etarras. No entanto, fonte policial contactada pelo tvi24.pt garante que no terreno «nunca a colaboração foi tão boa».
Uma colaboração que parece também ter já alastrado ao SEF, que esta quarta-feira divulgou um comunicado onde dá conta de várias operações em todo o país, com praticamente todas as entidades possíveis, que levaram à identificação de mais de seis mil cidadãos estrangeiros, à detenção de 40 e à notificação para abandono do país de mais de 50 indivíduos.
O SEF, questionado sobre se o âmbito das operações tem em vista uma caça aos etarras, remete para o comunicado e não esclarece. Já o OSCOT não tem dúvidas: «Estas operações são já um aumento da vigilância necessária. Estão relacionadas com o terrorismo e são muito bem feitas», declarou José Manuel Anes que defendeu ainda que o aumento das operações de vigilância é «fundamental» e também das rusgas com vista à localização de possíveis suspeitos de terrorismo.
O mesmo responsável defendeu ainda, num âmbito geral, um reforço do controlo fronteiriço de modo a monitorizar a livre circulação criminal que neste momento existe na Europa.
«Visita do Papa vem em boa hora»
Sobre a visita do Papa Bento XVI a Portugal no próximo mês de Maio, José Manel Anes considerou que esta vem em «boa hora» e é um «excelente pretexto para aumentar as operações de vigilância» e agilizar a operação das forças de segurança.
O responsável do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo considera ainda que a visita do Papa não fica em risco com a implantação da ETA em território nacional e que de momento não há motivos para um cancelamento da visita papal, uma vez que os dados existentes não apontam para um atentado da ETA em Portugal.
Listas de etarras nas mãos da polícia portuguesa
- Cláudia Costa
- 10 fev 2010, 21:35
ETA em Portugal: «Visita do Papa vem em boa hora», diz OSCOT, que defende aumento da vigilância
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