Setúbal: urgência «sem condições» - TVI

Setúbal: urgência «sem condições»

  • Portugal Diário
  • SM
  • 24 mar 2008, 21:05

PCP denuncia falta de pessoal, de meios técnicos e de infra-estruturas

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O PCP denunciou esta segunda-feira a falta de condições dos serviços de urgência e observações do Centro Hospitalar de Setúbal, no que diz ser um «quadro de desresponsabilização do estado pelas funções sociais» e «desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde».



A acusação foi feita pelo deputado comunista Bruno Dias em conferência de imprensa realizada à porta do Hospital São Bernardo, que, juntamente com o Hospital Ortopédico do Outão, integra o Centro Hospitalar de Setúbal.

«Há aqui um garrote financeiro de uma política de subfinanciamento e de desinvestimento na saúde, em termos do Serviço Nacional de Saúde, que o Governo diz estar interessado em defender», afirmou o deputado comunista, defendendo, no entanto, que a prática demonstra o contrário.

«Pela falta de investimento, por uma política de degradação da qualidade e da capacidade de resposta dos serviços, [o Governo vai encaminhando as pessoas para os privados», disse Bruno Dias.

Referindo-se ao Hospital São Bernardo, o deputado do PCP garantiu que houve um aumento de afluência de doentes encaminhados para a Urgência Hospitalar desde que o Serviço de Atendimento de Doentes Urgentes (SADU) deixou de funcionar junto à Urgência e passou a ser prestado, apenas até às 20:00, nos Centros de Saúde.

«Houve um aumento da afluência ao serviço de urgência de doentes que são encaminhados pelo Serviço de Atendimento de Doentes Urgentes, sem que se verificasse um aumento da resposta em termos de pessoal», acrescentou.

O parlamentar comunista alertou também para o mau funcionamento do Serviço de Infecciologia e Pneumologia, alegadamente sem condições adequadas no que respeita ao tratamento do ar/controlo da qualidade do ar, e do Serviço de Observações, onde disse haver doentes que permanecem em macas, nos corredores, «mais do que um dia, por vezes dois ou três dias, por falta de alternativas».

«Os profissionais de saúde não têm forma de inventarem, ou improvisarem, outras salas de observação», disse o deputado do PCP, que também criticou a contratação de médicos a empresas de trabalho temporário.

«Tem vindo a ser crescentemente utilizada por este Governo uma política de contratação de médicos através de empresas de prestação de trabalho temporário», frisou Bruno Dias, salientando que se trata de uma prática que não é exclusiva do Centro Hospitalar de Setúbal.

«Ano após ano tem havido um aumento no recurso a esse tipo de práticas, que, embora seja apresentado pelos serviços e pelo Governo como uma política pontual e temporária, acaba por ir ficando e tem vindo a agravar-se», disse Bruno Dias, manifestando o receio de que a precariedade na saúde venha atingir níveis que já se verificam noutros sectores.

Perante este quadro, o PCP promete confrontar o Executivo e a ministra da Saúde com a necessidade de mais investimentos e de adoptar algumas medidas que são necessárias para garantir a capacidade de resposta na área da saúde, a começar pela formação e pela contratação de mais médicos e enfermeiros para o Serviço nacional de Saúde.
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