Transplantes hepáticos pediátricos depende de três hospitais - TVI

Transplantes hepáticos pediátricos depende de três hospitais

Órgãos: Transplantes avançam sem seguro

Ministro diz que serão avaliadas as condições apresentadas

O ministro da Saúde revelou hoje que a reactivação dos transplantes hepáticos pediátricos em Portugal está dependente das condições que forem apresentadas pelos três hospitais que manifestaram interesse na actividade, em Lisboa, Porto e Coimbra.

A transplantação de fígado em crianças está parada há cerca de seis meses, com a suspensão do serviço realizado nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), sendo actualmente os doentes e dadores vivos encaminhados para o Hospital La Paz, em Madrid, Espanha.

Em Novembro, Paulo Macedo garantiu, no Porto, após a notícia da morte de uma criança em Espanha à espera de um transplante, que a intenção do Governo era voltar a activar o centro de transplantes hepáticos pediátricos de Coimbra.

Após o anúncio do ministro, outros dois hospitais manifestaram também interesse na actividade - o Curry Cabral (serviço dirigido por Eduardo Barroso) e o de Santo António, do Porto.

«Felizmente, mais dois hospitais manifestaram interesse em ter um centro de transplantes pediátricos, temos de ver quais são os projectos concretos (dos três hospitais), que bases têm para não voltar a acontecer o que aconteceu, que foi ter um projecto baseado apenas numa pessoa e não numa equipa», disse hoje o ministro, em Coimbra, à margem da posse da nova administração do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC), que integra os HUC.

Paulo Macedo disse que será solicitado aos HUC que apresente uma proposta de «como pode estruturar um serviço destes».

O centro de transplantes pediátricos de Coimbra foi desactivado com a saída do único cirurgião especializado na área em Portugal - Emanuel Furtado, hoje ao serviço do Instituto de Português de Oncologia de Coimbra.

Contactado há dias pela Lusa, o cirurgião Emanuel Furtado manifestou-se disponível para integrar uma solução que permita reactivar o serviço em Coimbra, mas colocou como «condição sine qua non» que o actual director dos transplantes hepáticos dos HUC, Fernando José Oliveira, seja «afastado da transplantação».

A declaração de Emanuel Furtado, prestada por escrito, surge ao defender a necessidade de haver uma «reorganização de toda a actividade de transplantação, pediátrica e de adultos», que, na sua opinião, deverá estar integrada num serviço que tenha também «capacidade para tratar patologias relacionadas, da área da hepatobiliopancreática, planear a formação de novos elementos e promover a actualização científica e técnica dos que já exercem».

Emanuel Furtado defende ainda uma «alteração no sistema de remuneração (dos profissionais)», semelhante ao existente no Hospital de Santo António, «com regras claras firmadas por contrato dos profissionais com a administração, ao invés de um sistema de distribuição de incentivos deixado ao critério do director, que é o que se passa em Coimbra».

A Lusa contactou Fernando José Oliveira, que informou não querer comentar o assunto, e a administração do CHUC, que disse, através do gabinete de imprensa, «estar a estudar o problema» (dos transplantes hepáticos pediátricos), para que seja arranjada «uma solução» que coloque a actividade de novo em Coimbra.
Continue a ler esta notícia