Casa Pia: crianças aprenderam a prevenir abuso sexual

Quase três mil crianças e jovens da Casa Pia estiveram envolvidas desde 2005 num projecto de prevenção de abuso sexual, que começou a ser alargado, este ano, aos adolescentes com mais de 15 anos que frequentam a Formação Inicial Qualificante, escreve a Lusa.

Este projecto, implementado após a denúncia de casos de abusos sexuais na instituição que levaram a mais de cinco anos de julgamento, vai ser debatido no encontro intitulado «a Promoção e Educação para a Saúde na CPL: As Boas Práticas na Área da Sexualidade» que começa esta segunda-feira e termina terça-feira.

A avaliação do PIPAS - Projecto Integrado de Prevenção do Abuso Sexual da Casa Pia de Lisboa - foi feita sob a orientação da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, e os resultados serão apenas apresentados terça-feira.

O PIPAS é o projecto da Casa Pia de Lisboa que se enquadra no âmbito dos programas de promoção e educação para a saúde e que visa o desenvolvimento de competências pessoais e sociais e, em especial, a promoção de uma vivência saudável da sexualidade, utilizando o jogo como forma de intervenção.

O objectivo é prevenir o abuso sexual, desenvolvendo um ambiente relacional integrador das vivências individuais e de grupo e facilitador da comunicação em torno da sexualidade.

De 2005 a 2010 o número de crianças jovens a frequentar os estabelecimentos de ensino da instituição e que participaram no PIPAS tem vindo a aumentar gradualmente.

No ano lectivo de arranque do projecto (2004/2005) participaram 933 crianças.

Em 2009/2010 houve um aumento ainda mais significativo de crianças e jovens e profissionais envolvidos no projecto devido à adopção do projecto enquanto resposta à nova Lei que estabelece o regime de aplicação da Educação Sexual em Meio Escolar.

Todo o projecto assenta numa metodologia de ação ¿ reflexão, sendo o jogo o ponto de partida para as aprendizagens.

Através do jogo e do brincar são estimulados e desenvolvidos os factores de proteção como a auto-estima, a auto-eficácia, a assertividade, a empatia, as relações de apego, a capacidade de se colocar no lugar do outro, o juízo moral e a clarificação de valores.

São igualmente trabalhados os factores de risco com a utilização de intervenções no sentido de reduzir ou eliminar comportamentos comprometedores do desenvolvimento saudável.