Skins suspeitos de «muitas agressões» - TVI

Skins suspeitos de «muitas agressões»

Material utilizado pela extrema-direita apreendido pela PJ (Foto Cláudia Lima da Costa)

Quase todos os skins detidos tinham armas de fogo e explosivos. PJ apreendeu também mais de mil balas e soqueiras de vidro. Cabeças rapadas atacam pessoas de outras raças, outros skins e okupas. Veja o material apreendido

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Os 31 skinheads detidos pela Polícia Judiciária na mega-operação de quarta-feira são suspeitos de «muitas agressões. Mais de uma dezena ocorrida de há um ano a esta parte e outras mais antigas. Sempre contra pessoas de ideologia contrária ou de raça diferente. E isso é inaceitável», disse ao PortugalDiário fonte ligada à investigação. A PJ revelou hoje o material apreendido aos skins nas 55 buscas realizadas por 190 inspectores da Judiciária.

Entre o material levado pelos inspectores estão pelo menos 15 armas de fogo, vários revólveres e uma carabina, explosivos e mais de um milhar de munições. «Praticamente todos eles tinham este tipo de material na sua posse», adiantou uma fonte judicial. Dos 31 cabeças rapadas, 27 foram detidos em flagrante delito «na posse ou em poder de armas proibidas e material informático, utilizado enquanto plataforma ou veículo de difusão do ódio, violência e discriminação racial».

Dezenas de armas brancas, soqueiras, mocas, bastões, tacos de basebol e aerossóis faziam também parte do «kit» dos skinheads. «Algumas soqueiras são de fibra de vido o que não permite serem assinaladas nos detectores de metais, o que é novo e preocupante», adiantou fonte policial. Foram também encontrados esteróides anabolizantes não só para consumo, mas também para «tráfico».

A investigação da Judiciária começou em 2004 e visou elementos conotados com sectores da extrema-direita violenta (alguns deles filiados no chapter Português Hammerskin). Um dos crimes de que estão acusados é a agressão violenta a uma rapariga de um grupo skin mais moderado, os SHARP. Estes elementos, assim como os jovens pertencentes a grupos de okupas são muitas vezes os alvos a «abater».

Dos indivíduos detidos, dez foram presentes ao Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, a fim de serem submetidos à aplicação de medidas de coação, tendo daí resultado a detenção preventiva de um, a obrigação de permanência no domicílio a três dos arguidos e apresentações periódicas às autoridades aos restantes.

Porquê agora?

A mega-operaçao da Polícia Judiciária ocorreu a três dias de um encontro europeu de skins marcado para Lisboa. O Líder do Partido Nacional Renovador (PNR), José Pinto Coelho, acusou a operação de ser «perseguição política». Ao PortugalDiário a Judiciária respondeu que a operação ocorreu agora «porque foi agora que as coisas ficaram prontas».

Em comunicado a PJ lembra que «nos anos oitenta despontaram em Portugal grupos político- ideologicamente motivados e inspirados na ideologia fascista e nacional-socialista que se integravam no movimento internacional skinhead, bastante implantado à escala europeia. Em 1989 e em 1995, activistas desses grupos cometeram dois crimes de homicídio em Lisboa, assim expressando sentimentos de intolerância política e ideológica e, em simultâneo, de racismo e xenofobia».

A Judiciária esclarece ainda que, «embora sem se traduzir na concretização de idênticos crimes de extrema gravidade, alarme social e ressonância pública, o problema persistiu até à actualidade, ainda que circunscrito. O movimento passou a um estádio de aparente letargia, mas, em simultâneo, refinou métodos de organização e comunicação entre os seus membros».

«Toda a acção destes grupos regionais ou nacionais é sintonizada e compreende a organização de eventos - concertos musicais, encontros e concentrações - onde convergem representantes ou membros dos chapters e em que a estratégia de acção do movimento é afinada e sincronizada, para além dos contactos que decorrem regularmente através de meios convencionais de comunicação ou por intermédio da Internet», explica também a PJ.
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