Suiça: insucesso escolar das crianças portuguesas

O organismo que coordena os serviços escolares na Suiça (CDIP) garantiu hoje que vai «cooperar activamente» com as autoridades portugueses para combater o insucesso escolar entre os filhos dos emigrantes.

A CDIP vai «prosseguir activamente a cooperação construtiva com as autoridades portuguesas, nomeadamente com a embaixada de Portugal em Berna, no que respeita à escolarização das crianças portuguesas», refere uma nota daquele organismo enviada à comunidade portuguesa e a que a Agência Lusa teve acesso.

A nota da CDIP, assinada pelo secretário-geral do serviço, Hans Ambuhl, surge após um abaixo-assinado dos emigrantes portugueses, no qual apelavam àquela estrutura para que tome «medidas concretas» para resolver os fracos resultados escolares dos alunos portugueses e evitar que sejam enviados em grande número para as classes especiais.

No abaixo-assinado, os portugueses exigiam ainda que a CDIP pedisse desculpa à comunidade pela forma «chocante» como caracterizou a comunidade num relatório enviado aos serviços escolares dos cantões suíços.

Na nota, o secretário-geral da CDIP pede desculpas aos portugueses e refere que «compreende plenamente a emoção e os sentimentos» dos portugueses ao lerem o relatório, que, segundo Hans Ambuhl, «não corresponde a uma tomada de posição da CDIP», mas sim à «difusão não autorizada de um documento interno da secretaria-geral».

O relatório, divulgado segunda-feira pela Agência Lusa, revela que os alunos portugueses naquele país obtêm os resultados escolares mais baixos entre as comunidades estrangeiras e recorrem «excessivamente» a classes especializadas.

«Comunidade sem cabeça»

O documento diz igualmente que os filhos dos emigrantes «raramente acedem a uma formação pós-obrigatória», profissional ou universitária, e que os fracos resultados escolares das crianças portugueses devem-se «ao desinteresse total dos pais em acompanhar» a educação dos filhos e à «origem sócio-cultural modesta».

A CDIP classifica ainda os portugueses na Suíça como «uma comunidade sem cabeça», por não disporem de qualquer elite que lhes possa servir de modelo.