Aparelhos vão bloquear telemóveis nas prisões - TVI

Aparelhos vão bloquear telemóveis nas prisões

Prisão

Serviços prisionais apreenderam 539 telefones móveis em 2007

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A Direcção Geral dos Serviços Prisionais vai adquirir equipamentos que impossibilitem a utilização de telemóveis dentro das prisões, adiantou ao PortugalDiário, fonte da DGSP, acrescentando que só no ano de 2007 foram apreendidos nas cadeias portuguesas um total de 539 telemóveis.

A mesma fonte não revelou, para já, mais pormenores, nem tão pouco quando é que o sistema entrará em funcionamento.

Apesar de o telemóvel ser «um objecto proibido dentro dos Estabelecimentos Prisionais», em duas semanas, já este ano, os guardas prisionais apreenderam «36 telemóveis em três prisões», «nove numa camarata do Estabelecimento Prisional do Porto, 17 em Paços de Ferreira e dez no EP de Coimbra», adiantou ao PortugalDiário o presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, Jorge Alves.

Um número «elevado, se tivermos em conta que as buscas ocorreram ao longo de duas semanas e que abrangeram três cadeias.

O aumento na apreensão destes aparelhos é explicado, segundo Jorge Alves, com o forte empenho dos guardas prisionais «apesar da desmotivação» que grassa na classe.

Não obstante, admite que a entrada de telemóveis nas prisões acontece, por vezes, com a cumplicidade de funcionários e guardas prisionais que «devem ser punidos severamente».

«Então vai haver uma busca logo à tarde, não é?»

A experiência de vários anos a trabalhar nas prisões mostra-lhe que as buscas mais eficazes são as realizadas de surpresa. Já as outras, «as realizadas por determinação superior», revelam-se, em grande parte das vezes inúteis. «Isto porque os reclusos até sabem antes de nós.

Fico revoltado quando um recluso me pergunta, então vai haver uma busca logo à tarde, não é?», diz Jorge Alves. «O sistema prisional é permissivo à ilegalidade», acrescenta.

O presidente do Sindicato critica a «excessiva permissividade» dos responsáveis pelos serviços prisionais que leva as pessoas a acreditarem que «o crime compensa».

De memória, recorda-se apenas de um guarda punido por auxiliar à entrada de telemóveis na prisão. «Já foi há oito anos atrás. Apanhou dez anos de prisão, porque disse que fazia entrar embrulhos na prisão, admitindo que dentro desses embrulhos pudessem estar produtos estupefacientes».

Há cerca de seis meses um recluso denunciou um funcionário que auxiliaria à entrada de telemóveis nas cadeias. «A informação que tenho é que ninguém fez nada».

Por outro lado, muitas participações dos guardas «não dão em nada», lamenta.

Também os reclusos acreditam que vale a pena reincidir. As penas ficam ao critério de cada estabelecimento e «não são adequadas», resumindo-se alguns dias de isolamento nas celas.

Telemóveis no intestino

A imaginação dos visitantes é grande e conta com o facto de os guardas prisionais não puderem efectuar revistas sem a autorização do visado. «Não somos órgão de polícia criminal. Se detivermos o suspeito, arriscamos uma queixa-crime por sequestro», refere Jorge Alves, que ainda recorda o episódio vivido no passado dia 25 de Dezembro:

«Detectei um volume nas calças do visitante. Como ele não aceitou a revista, e não deu tempo para chamar a polícia, disse que ia embora. Perguntei-lhe, então, o que levava ali. Disse-me que era um telemóvel para entregar ao irmão, que está preso. Mas se fosse uma arma eu também não poderia fazer nada», lamenta.

Jorge Alves até já detectou telemóveis nos tacões dos sapatos de visitantes. Por seu lado, os reclusos escondem o aparelho em qualquer lado: nos azulejos das paredes, nas pacotes pequenos de leite, dentro do pão e até nos intestinos.
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