Seabra perguntou a taxista onde era depositado lixo em Nova Iorque - TVI

Seabra perguntou a taxista onde era depositado lixo em Nova Iorque

Julgamento da morte de Carlos Castro

Relacionados
O taxista que transportou Renato Seabra ao hospital após o homicídio do cronista Carlos Castro relatou, nesta quinta-feira, em julgamento, que, no trajeto, o jovem acusado pediu para ouvir notícias e perguntou onde era depositado o lixo em Nova Iorque.

Cheikh Mbacke foi a segunda testemunha de acusação a interagir com Seabra depois do crime ocorrido no Intercontinental Hotel, a 7 de janeiro de 2011, a contrariar hoje em tribunal a tese da defesa, de que o jovem estava «em pensamento delirante» e saiu para a rua tentando tocar nas pessoas para as curar.

O taxista disse que perto das 18:50 do dia do crime, Seabra entrou no táxi junto ao terminal de transportes de Penn Station, a curta distância do hotel.

«Bem vestido», sentou-se no banco do lado do taxista, o que é invulgar na cidade, e pediu para ir para o hospital, enquanto segurava um dos pulsos com a outra mão ensanguentada.

Seabra não respondeu quando o taxista lhe perguntou se estava bem, mas já quando o táxi se fazia ao caminho pediu que o levasse «a um bom hospital», relatou.

O episódio deu-se enquanto no Hotel, o segurança Wilfredo Gonzalez entrava no quarto 3416 e descobria o corpo, por insistência de uma amiga, que ali tinha acorrido preocupada com o amigo, que não atendia nem retribuía chamadas, depois de uma discussão violenta com Seabra na noite anterior.

No trajeto de perto de 20 minutos para o hospital Saint Lukes, Seabra só quebrou o silêncio para pedir ao taxista para sintonizar as notícias no rádio e perguntar «onde se deposita o lixo em Nova Iorque».

A acusação sustenta que Renato Seabra matou o colunista social por «raiva, desilusão e frustração», diretamente ligada ao fim da relação e regresso antecipado a Lisboa das férias que passavam em Nova Iorque.

A defesa argumenta que foi a doença mental a levar ao crime, após o qual o jovem se passeou pelas ruas da cidade num estado de alucinação, tocando nas pessoas.

Questionado pela procuradora sobre se Seabra estava exaltado e o tocou ou tentou tocar, Cheikh Mbacke negou, tendo dito mesmo que o jovem parecia calmo.

Questionado pelo advogado de defesa sobre se Seabra parecia «perturbado», o taxista também negou.

O advogado de defesa, David Touger, lembrou então uma descrição feita por Mbacke à polícia logo após o episódio, descrevendo Seabra como «obviamente estrangeiro e parecendo perturbado».

Chegado ao hospital, Seabra ofereceu 100 dólares ao taxista por o ter acompanhado à entrada de emergência, mas este só aceitou 20 dólares.

Já perto da meia noite, o taxista ouviu na rádio a notícia de que era procurado pela polícia um jovem com as caraterísticas de Seabra e liga para as autoridades.

O réu viria a ser localizado pela polícia no dia seguinte, na ala psiquiátrica de um outro hospital, Bellevue, para onde foi transferido pelos médicos.

Também hoje, os jurados ouviram o segurança de hotel que entrou no quarto à procura de Castro e viu o cadáver do colunista social, «nu, com sangue na zona das virilhas e da cara».

Wilfredo Gonzalez relatou ter informado depois o diretor de segurança do hotel, que chamou a polícia e a emergência médica, que confirmaria a morte de Castro, com sinais de violência extrema em várias partes do corpo.
Continue a ler esta notícia

Relacionados