Família acusa INEM devido à morte de paciente - TVI

Família acusa INEM devido à morte de paciente

  • Portugal Diário
  • 23 out 2007, 18:00

Castro Daire: dizem que viatura de emergência não chegou a tempo

A família de um homem que morreu na viagem entre o Centro de Saúde de Castro Daire e o hospital de Viseu acusou hoje o INEM de negligência, alegando que a viatura da emergência médica não chegou a tempo, noticia a Lusa. O INEM rejeita responsabilidades.

A edição de hoje do Diário de Notícias refere que Aquiles Correia, de 34 anos, foi transferido do centro de saúde «apenas com o motorista da ambulância e sem o acompanhamento de médico e enfermeiro» e chegou sem vida ao hospital.

Em declarações hoje à Agência Lusa, a cunhada de Aquiles Correia, Carla, que o acompanhou na ambulância, mostrou-se convencida de que «ele morreu por falta da VMER (viatura de emergência médica), que não chegou a tempo de lhe prestar assistência».

«Ainda não decidimos o que fazer. Mas houve aqui negligência, a culpa é do INEM», frisou a antiga militar que, usando os conhecimentos que tem de primeiros socorros, foi fazendo manobras de reanimação ao longo da viagem.

Já na quarta-feira passada, Aquiles tinha sido levado ao centro de saúde, tendo sido transferido para o Hospital de S. Teotónio, em Viseu, «onde o mandaram para casa, com bastante medicação», depois de fazer exames. Domingo, o homem teve de voltar de novo à unidade de saúde.

Segundo a cunhada, o médico decidiu enviá-lo para Viseu, mas «havia ambulâncias ocupadas e, só mais de uma hora depois», é que a ambulância dos bombeiros voluntários partiu com destino ao hospital, pela auto-estrada A24.

«Fui eu com ele, mais o bombeiro que ia a conduzir. Ele ia com muito frio, a falar normalmente, mas assim que chegámos à saída do Carvalhal (a cinco minutos do centro de saúde) ele disse para mandar parar a ambulância», relatou.

«Estava a entrar em paragem cardio-respiratória, o bombeiro pediu ajuda ao CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes) para que mandassem a VMER e combinaram encontrar-se em Moselos», imediatamente após a saída da A24, acrescentou.



«O bombeiro disse-me "faça o que puder que eu vou acelerar o máximo". Ele em Moselos estava a respirar, ainda que com muita dificuldade, mas não estava lá ninguém à nossa espera e seguimos», recordou Carla, que com a preocupação de reanimar o cunhado não se apercebeu se se cruzaram ao não com a VMER.

A mulher viu que o cunhado deixou de respirar «a três minutos do hospital» e, por isso, está convencida de que, com a intervenção da VMER, «não morria no domingo».

INEM rejeita responsabilidades

O INEM rejeitou responsabilidades neste caso, garantindo que a VMER saiu logo que foi chamada e se dirigiu ao chamado ponto de encontro e aguardou a chegada da ambulância dos bombeiros, como a Lusa pôde confirmar através de gravações das chamadas.

No entanto, na altura em que a VMER chegou a Moselos, já a ambulância dos bombeiros estava próxima do hospital.

O responsável do gabinete de informação do INEM, Pedro Coelho dos Santos, frisou que, neste caso, há duas situações a que o INEM é completamente alheio: o ter havido «uma transferência de doentes sem que a unidade de saúde (o centro de saúde) disponibilize profissionais de saúde para acompanharem o doente» e o doente ser «transferido numa ambulância em que segue apenas um tripulante».

Por outro lado, o responsável do gabinete de informação do INEM frisou que está «inequivocamente demonstrado nas gravações das chamadas que a ambulância dos bombeiros não parou no local previamente combinado».

«O INEM estava a tentar resolver um problema que surgiu e não é responsável por ele. A ambulância não parou no local previamente combinado e a VMER não pôde prestar assistência», lamentou.

O comandante dos bombeiros de Castro Daire disse à Lusa que considera que o condutor da ambulância decidiu bem ao não ter parado em Moselos, porque «ia a tentar tudo por tudo (para salvar o doente) e viu que a VMER não aparecia».

Segundo João Cândido, a ambulância cruzou-se com a VMER «junto ao Lidl, o bombeiro fez sinal de luzes e ligou a sirene, mas eles não pararam».
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