Pobreza obriga Santa Casa a alargar atendimento

O aumento de pobres no concelho de Sintra obrigou a Santa Casa da Misericórdia a alargar o horário das técnicas de acção social para atender «famílias que não querem mostrar» as suas dificuldades económicas, disse à Lusa o provedor da instituição, Lacerda Tavares.

Lacerda Tavares explica que «a pobreza envergonhada tem aumentado muito. As pessoas são atendidas com muita sensibilidade, às vezes à noite, pela nossa técnica que atende fora de horas algumas famílias que não se querem mostrar».

Para fazer face às necessidades cada vez mais urgentes, a instituição criou o projecto Emergência Social, «dando respostas mais rápidas e menos burocráticas às pessoas carenciadas de alimentação e de sítio para dormir».

«Se a pessoa precisar de comer, de tomar banho, de lavar a roupa ou de dormir é na hora e sem pagar. Diariamente chegam-nos uma média de cinco novas pessoas em busca de ajuda, algumas delas para comer, outras para dormir, ou ambas», disse.

«Há fome em Algueirão-Mem Martins. Esta é a realidade. Todos os dias temos aqui pessoas desempregadas, que não conseguem pagar as suas contas e que não têm dinheiro para se alimentar e para alimentar os filhos», disse Manuel do Cabo, Presidente da Junta de Freguesia.

«A resposta que damos é para um dia ou dois, mas uma pessoa que está carenciada durante meses tem que ter um planeamento mensal enquanto não se resolve esta situação. Arranjo um saco de mercearias e dou-lhes, mas isto não resolve o problema», considerou.