A Associação Sindical de Professores Licenciados (ASPL) pede ao Presidente da República que intervenha junto do Governo para que sejam melhorados aspetos fundamentais relativamente à testagem e isolamento de casos suspeitos e positivos de covid-19 nas escolas.
Numa carta aberta enviada no domingo ao Presidente da República, a ASPL diz estar preocupada com algumas situações que se vivem nas escolas e pede a Marcelo Rebelo de Sousa a sua intervenção junto do Governo por forma a melhorar aspetos fundamentais na estratégia de prevenção e mitigação da pandemia da covid-19.
A ASPL refere-se à testagem e isolamento profilático dos casos suspeitos e dos positivos, para além do distanciamento físico.
Relativamente à testagem e ao isolamento profilático, não se compreende como apenas são testados os alunos que estão sentados mais próximos (ao lado, e imediatamente à frente e atrás do(a)s aluno(a)s que testaram positivo ou são claramente suspeitos de estarem infetados)”, sublinha.
A Associação considera que seria mais avisado que, pelo menos, os contactos mais próximos, como sejam os restantes alunos das respetivas turmas e os seus professores, assim como os assistentes operacionais que com eles convivem, fossem para isolamento profilático e fossem testados.
“Lamentavelmente, não é o que acontece em muitas situações, continuando alunos, professores e assistentes operacionais, a frequentar a escola, como se nada tivesse acontecido!", frisa.
Por isso, a ASPL entende que “está na hora do Governo fazer a parte que lhe compete, caso contrário este esforço hercúleo" de todos "será posto em causa”.
E se há lugar onde a identificação dos contactos é mais fácil e célere fazer é a escola, dado os alunos estarem organizados por turma e terem espaços atribuídos, estando sob a responsabilidade dos seus professores e/ou assistentes operacionais!”, é referido na carta.
No entendimento dos professores e educadores, “não é suficiente afirmar que ‘o regresso às escolas decorreu de forma impecável’ e que ‘os casos existentes são residuais’, quando não existe informação oficial sobre o número de casos já identificados”.
Nem vimos nas escolas as autoridades de saúde a atuarem com critérios claros e objetivos que permita a toda a comunidade escolar continuar a trabalhar em segurança, tendo confiança que esses mesmos procedimentos acautelam, tanto quanto é possível, a sua saúde e a saúde dos seus alunos”, é sublinhado.
A associação diz ainda ter enviado em julho passado e ao longo do mês de setembro ao Ministério da Educação os contributos da ASPL e alertas para uma série de situações e omissões que foram constatando, mas sem sucesso, tendo por isso remetido mais recentemente informação à ministra da Saúde, Marta Temido, e ao primeiro-ministro, também sem resposta.
Na carta, a ASPL mostra-se disponível para em cooperação com o Governo para melhorar a situação nas escolas.
No sábado, após o Conselho de Ministro extraordinário para analisar medidas para conter a propagação do vírus, o primeiro-ministro disse que são residuais – tendo em conta a população escolar – o número de casos de covid-19 detetados de alunos ou docentes ou não docentes infetados nas escolas.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai receber hoje o primeiro-ministro, que lhe transmitirá a posição do Governo sobre um eventual estado de emergência aplicável aos concelhos com mais de 240 infetados com o novo coronavírus por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias.
Em Portugal, os primeiros casos de infeção com o novo coronavírus foram detetados no dia 02 de março e até agora já morreram 2.544 pessoas com esta doença, num total de 144.341 casos de infeção contabilizados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS).