Quando as crianças vivem na prisão

Clara Manso Preto, directora do Estabelecimento Prisional de Tires (EPT), revelou á Lusa que, actualmente, vivem 21 crianças atrás das grades. 16 requentam a creche e cinco têm menos de seis meses.

A lei portuguesa permite que as reclusas-mães vivam com os filhos na prisão até aos três anos - idade que poderá vir a subir para os cinco anos. Para já, as crianças até aos dez anos que não podem ficar com as mães no EPT vivem num centro de acolhimento temporário, ao lado da prisão.

A Casa da Criança de Tires é gerida pela Fundação Champagnat, instituição particular de solidariedade social, ao abrigo de um protocolo entre a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais, o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social e a Câmara Municipal de Cascais.

72 crianças desde 2000

Pelo EPT, que já não é exclusivamente feminino, mas onde a maioria da população são mulheres (280 para 120 homens), passaram 72 crianças desde 2000.

A experiência de Clara Manso Preto permite-lhe dizer que «o número de mulheres nas prisões tem diminuído», mas a taxa de reclusão feminina ainda ronda os seis por cento.

«Muitas das reclusas, quase 50 por cento, são estrangeiras» e «quase todas têm filhos», acrescenta. As celas para as mães com filhos até aos três anos «são mais espaçosas e têm uma caminha para crianças», descreve.

Tráfico de droga

A idade das reclusas vai desde os 16 aos «70 e tal» anos, mas a média ronda os 35, informa ainda, frisando que «a grande maioria das mulheres está presa por tráfico de droga».

O EPT tem um médico obstetra e uma pediatra, e as crianças de Tires nascem no hospital de Cascais. Mas já houve um caso em que os guardas tiveram de fazer o parto na prisão.

A luz e a água saem directamente da rede da prisão para a Casa da Criança, mas o gás não - a directora não sabe porquê -, e o frio e a dimensão do edifício fazem disparar as contas no Inverno.