Marcelo: «Esta NATO já não tem nada a ver com a NATO que foi» - TVI

Marcelo: «Esta NATO já não tem nada a ver com a NATO que foi»

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Parcerias no Atlântico Médio e Sul serão bem-vindas se houver nova NATO

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As novas ameaças internacionais, como o tráfico de droga, tornam a actual NATO desactualizada, pelo que a organização deve criar parcerias com outros países do Atlântico Médio e Sul, como Cabo Verde, para as combater, defende Marcelo Rebelo de Sousa.

Em declarações sexta-feira à Agência Lusa na Cidade da Praia, o jurista e comentador político português considerou que a questão do alargamento na Aliança Atlântica para sul está em estudo em muitos países, como nos Estados Unidos, sobretudo desde que a NATO ultrapassou os seus limites tradicionais para Oriente.

«Há muitos países, a começar pelos Estados Unidos, que estudam seriamente essa hipótese e há círculos políticos que a defendem, desde que o momento que a NATO ultrapassou os seus limites tradicionais, para Oriente, e que se transformou um bocadinho num instrumento de intervenção das Nações Unidas», sublinhou.

«Se as Nações Unidos não têm forças, e quando não têm forças, em certas circunstâncias em que há consenso entre os membros permanentes da ONU, o que implica que a Rússia e a China não se oponham, tem havido intervenções, como foi o caso do Afeganistão», lembrou.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, em Cabo Verde, ou na sub-região oeste africana, a questão «não é de intervenção» mas sim «de alargamento do âmbito geográfico».

«Isso pode suceder sobretudo pelo novo tipo de criminalidade internacional. O tráfico de droga está a preocupar quer europeus, quer americanos, sejam norte-americanos, centro-americanos ou sul-americanos. Pode acontecer, mas não sei se é uma conclusão óbvia da cimeira de Lisboa», salientou.

«Pode ser que a questão venha a ser tratada na Cimeira de Lisboa», referiu.

«No fundo, hoje, o mundo está num alargamento e num desejo de cooperação crescente em relação aos novos riscos internacionais. Estes riscos são colocados no plano da saúde, economia e segurança, em termos gerais, e exigem novas respostas», acrescentou.

«As organizações como estavam concebidas há não sei quanto tempo, foram concebidas por um mundo que já não existe. Esta NATO já não tem nada a ver com a NATO que foi. E provavelmente não tem nada a ver com a NATO que virá a ser. Nessa óptica, as parcerias são bem-vindas», concluiu.
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