Moderna: uma morte anunciada - TVI

Moderna: uma morte anunciada

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Docentes e cooperadores vão pedir falência da Dinensino, a cooperativa que gere a universidade. Alguns não recebem ordenados desde 1999

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«Há professores e cooperantes» da Dinensino, cooperativa responsável pela gestão da Universidade Moderna, que «não recebem salários e subsídios desde 1999», altura em que a universidade se viu envolvida num escândalo mediático que acabou em tribunal.

Esta segunda-feira, em conferência de imprensa, um grupo de pessoas ligados à instituição revelou ter pronta «uma acção judicial para requerer a falência da cooperativa e a sua dissolução».

Jorge Arrobas da Silva e Alexandra Aguiar são o rosto de um conjunto de 12/15 professores e cooperantes da Dinensino, que quiseram anunciar aos órgãos de comunicação social, no Hotel Berna em Lisboa, estarem preparados para avançar com esta acção judicial.

Além das ilegalidade cometidas pela cooperativa, Jorge Arrobas da Silva não tem dúvidas: «A Dinensino está falida». Para fazer esta afirmação, o docente e cooperante revelou aos jornalistas alguns documentos da instituição, que incluem partes do último relatório de contas apresentado em Julho de 2007.

Num documento, que Arrobas da Silva garante ser uma adenda do presidente do Conselho Fiscal da Dinensino, Arlindo Gomes de Carvalho, pode ler-se: «É evidente que os capitais próprios são negativos, a empresa, digamos, a Dinensino do ponto de vista económico, está falida».

«Para a Dinensino continuar orgulhosamente só (...) os 115 cooperantes teriam de desembolsar cada um 117 mil euros, só para limpar o passivo», lê-se no mesmo documento.

Sem certeza do dívida

Sem ter acesso a valores certos, Arrobas da Silva pensa que a dívida, aos professores e cooperantes, deverá rondar «os sete milhões de euros». Mas aqui não estão incluídas as dívidas às finanças, à segurança social e às entidades bancárias.

A acção judicial só deverá ser entregue dentro de um mês, porque «ainda lhes falta um documento e algumas pessoas da instituição pediram para falar connosco», revelou Arrobas da Silva.

O fim da Moderna?

Uma falência da Dinensino poderá significar o fim da universidade Moderna e os subscritores da acção têm consciência do facto. «Aguentámos até agora, mas há alturas em que é preciso dizer basta. Andamos nisto há anos», justifica o cooperante.

«Os tribunais é que vão analisar a situação e decidir o que deve ser feito», reconheceu Arrobas da Silva, acrescentando que «há alunos e professores em causa, o ministério do Ensino Superior também deverá assumir o que for melhor para a defesa destes». Diz mesmo que talvez seja possível «manter a universidade de portas abertas».

Neste momento, a Moderna «deverá ter cerca de 500 alunos» ao todo, nos três polos - Lisboa, Setúbal e Beja.

Ministério não escapa às críticas

O ministério do Ensino Superior e o ministro Mariano Gago também não escaparam às críticas. «A Inspecção-geral do Ensino superior tem três inquérito a decorrer, com carácter de urgência, e até ao momento não são conhecidos os resultados».

Se Alexandra Aguiar e Jorge Arrobas da Silva foram a voz do desespero, outros cooperantes e docentes que marcaram presença na conferência de imprensa, lembraram que «a investigação à universidade Independente não demorou este tempo todo».
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