O que fazer em caso de emergência? - TVI

O que fazer em caso de emergência?

(arquivo)

Nem tudo tem de ser tratado na urgência de um hospital. Revolução de mentalidades é necessária

«Habituámo-nos a ser tratados assim e agora é muito difícil mudar». Este é o sentimento manifestado por grande parte dos portugueses afectados pela reestruturação das urgências. Os mesmos que vivem junto da abundância de meios das grandes cidades e que acumulam solidão.

A questão cultural está enraizada e a reformulação lançada pelo Governo Sócrates não está a conseguir passar a mensagem. O 112 todos conhecem (alguns ainda lhe chamam 115), mas poucos sabem que existe uma Linha Saúde 24 (808 24 24 24) e ainda existem milhares de pessoas sem médico de família, alguém a quem possam ligar sempre que surge um constrangimento lá em casa, a agudização de uma doença ou a simples dúvida sobre uma indisposição. A resposta é, invariavelmente, a urgência do hospital.

Só que a urgência não é resposta a tudo. «Não é um Centro de Saúde», dizem os médicos. E para que tudo funcione melhor estão a ser criadas barreiras, como as taxas moderadoras ou a triagem de Manchester. Os Hospitais têm agora três classificações: Serviço de Urgência Polivalente (vulgo hospitais centrais); Serviços de Urgência Médico-Cirúrgica (com equipa de medicina para situações urgentes e equipa cirúrgica); Serviços de Urgência Básico (em muitos casos a funcionar em Centros de Saúde).

A tudo isto deverão juntar-se os próprios Centros de Saúde e as Unidades de Saúde Familiar (USF). Paralelamente, certos especialistas defendem que esta revolução cultural deveria ser mais profunda, começando nas escolas, ensinando às crianças técnicas de suporte básico de vida. Muitas situações poderiam ser evitadas se toda a gente soubesse fazer gestos básicos.

Urgências apenas «urgentes»

Ligar para o 112 ou para a Saúde24 são passos prioritários antes de se decidir em visitar uma urgência. Há, ainda, a possibilidade de ligar ao seu médico de família. Em muitos casos, aliás, os próprios clínicos fornecem um número de telemóvel onde estão sempre disponíveis. Na realidade, grande parte dos casos que surgem nas urgências hospitalares são «agudizações», que podem ser resolvidas com processos simples.

Para responder às situações realmente emergentes, surgem então as soluções rápidas, como as VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação), que transportam um médico e um enfermeiro, fazem parte da rede do INEM e estão distribuídas por todo o país. Ainda são insuficientes, mas já respondem a muitos casos e têm muito bem definida uma prioridade: salvar vidas. É normal vê-las, por exemplo, em acidentes de viação muito graves.

Como não é possível ter «uma VMER atrás de cada um de nós», como comentou um dos médicos contactados pelo PortugalDiário, é necessário dar uma assistência o mais completa possível à população. E é aqui que entra a nova rede proposta pela comissão de peritos, que definiu o tempo de resposta ao socorro local.

No Peso da Régua, como em Anadia (como em todo o país), nas áreas urbanas 90% das respostas têm de ser feitas no máximo em 15 minutos e nas áreas rurais em meia-hora. Isto tendo em vista um reajustamento aos valores internacionais, que colocam os valores de resposta em oito minutos. Isto para além de ter de existir uma ambulância para cada 40 mil habitantes e uma equipa de socorro com medidas de suporte avançado de vida por cada 200 mil habitantes. Tendo em conta este último ponto, é o que já acontece na Régua e em Anadia.

Também ficou definido como critério que 90% da população esteja a menos de 30 minutos até um qualquer ponto da rede de urgências e num tempo inferior a 45 minutos de um Hospital intermédio (urgência médico-cirúrgica) ou central (polivalente). Isto para além da existência de um Centro de Trauma por casa um milhão de habitantes.
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