Sabe como evitar alergias? - TVI

Sabe como evitar alergias?

Alergias (arquivo)

Especialista alerta para o facto de a falta de ventilação nas casas

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O investigador Vasco Freitas revelou esta sexta-feira que a maior parte dos edifícios de habitação portugueses não são ventilados de forma correcta, aumentando as probabilidades de problemas respiratórios e alergias na população.

«É preciso mudar mentalidades e sensibilizar para a importância de ter um projecto de ventilação nos edifícios para melhorar a qualidade do ar», disse o especialista, em declarações à Lusa antes da apresentação do estudo Ventilação em Edifícios de Habitação.

A investigação, realizada durante dois anos e que envolveu conjuntos habitacionais do Norte do País, foi apresentada nas instalações do Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), que apoiou o trabalho.

Durante a apresentação, Vasco Freitas, professor catedrático e director do Laboratório de Física das Construções da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, sublinhou a importância da ventilação para a qualidade do ar dos edifícios, «onde as pessoas passam grande parte do seu dia», e afirmou que ao nível da construção «o acréscimo de custos para instalar sistemas que permitam entrada e saída de ar adequados não é significativo».

«É preciso pensar ainda na fase do projecto. É por não haver projecto próprio que a ventilação não é ainda uma preocupação para os técnicos», afirmou, acrescentando que durante a investigação questionou empresas de construção sobre a matéria e 85 por cento não sabia que sistemas tinha instalados nos edifícios que tinha construído.

«É preciso responsabilizar quem projecta pelo cumprimento das regras de ventilação dos edifícios», disse.

O investigador afirmou que o ar nos quartos e salas deve ser renovado pelo menos uma vez por hora, enquanto as cozinhas e casas de banhos necessitam de maior taxa de renovação, o que não é cumprido «em grande parte das habitações».

«No passado havia sempre alguém em casa e as janelas das casas eram abertas no melhor período de sol, entre as 10h e as 16h. Hoje as pessoas passam o dia fora de casa e o esquema de ventilação de janela aberta não funciona», afirmou.

Humidade em casa entre os 30 e os 55 por cento seria o ideal

Vasco Freitas afirmou ainda que o ideal seria, com sistemas de ventilação adequados (grelhas de entrada nas caixas de estores, sistemas para o ar circular no interior da casa e grelhas/extractores para sair) conseguir ter em casa uma humidade entre os 30 e os 55 por cento, «para eliminar a possibilidade de aparecimento de fungos, bactérias, vírus ou bolores».

O investigador reconhece a importância de ter um bom isolamento da casa (por questões climáticas e acústicas), mas diz que, para melhorar a qualidade do ar e prevenir problemas de saúde, é preferível «reduzir dois ou três graus» na temperatura da casa em resultado de uma ventilação adequada, que deve funcionar em todos os compartimentos da casa e de forma permanente.

«Ao nível energético isto significa que se gasta cerca de um terço da factura energética para equilibrar a perda de calor da ventilação, mas é uma factura que tem de ser paga para garantir a qualidade do ar e até por motivos de saúde», explicou.

O investigador sublinhou ainda a importância de uma utilização correcta dos exaustores e alertou para o perigo de intoxicações em cozinhas fechadas com exaustores e esquentadores a funcionar em simultâneo por causa dos valores de monóxido de carbono.

Também para melhorar a qualidade do ar nas habitações, Vasco Freitas desaconselhou igualmente o uso de lareiras em prédios/habitação colectiva.

«Só com salas herméticas e com um dispositivo de entrada de ar nas lareiras», afirmou.
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