Porto Lisboa: alerta para especulação imobiliária

A Comunidade Portuária de Lisboa, que reúne vários operadores do Porto de Lisboa, alertou esta terça-feira para os riscos de especulação imobiliária caso a gestão das zonas ribeirinhas passe para a autarquia lisboeta, noticia a agência Lusa.

«Estes terrenos são muito valiosos e tememos que se houver mudança de gestão da zona ribeirinha deixemos de ter esta zona e passemos a ter aqui especulação imobiliária», disse o presidente da Comunidade Portuária de Lisboa, João Carvalho, durante uma conferência de imprensa esta terça-feira em Lisboa.

A discussão em torno da futura gestão das zonas ribeirinhas marcou a campanha eleitoral para a câmara de Lisboa, depois de ter sido conhecido o convite feito a José Miguel Júdice, mandatário da candidatura de António Costa (PS), para liderar o projecto governamental de reabilitação da frente Tejo da cidade.

O projecto equivaleria a uma nova Expo 98 na zona ocidental e envolveria como parceiros as câmaras de Lisboa e Oeiras e Administração do Porto de Lisboa (APL), que veria a sua autonomia reduzida.

Todos os 12 candidatos à câmara municipal de Lisboa defenderam durante a campanha a limitação das competências da Administração do Porto de Lisboa nas zonas ribeirinhas, argumentando que é necessário devolver o rio aos lisboetas.

João Carvalho considera precisamente que, se algumas destas zonas forem alvo de urbanização, os lisboetas deixaram de ter acesso ao rio, adiantando que a decisão cabe ao Governo.

António Belmar Santos, da Associação dos Agentes de Navegação, sublinhou que é preciso alertar os cidadãos para a importância económica do Porto, para o privilégio de Lisboa ser uma cidade portuária e para a asneira que seria acabar com o porto da capital.

«Acabar com o porto de Lisboa teria mais impacto na economia do país do que acabar com o aeroporto na Portela», disse, sublinhando que nas cidades portuárias europeias os autarcas são os primeiros a defender os portos.

«Só em Lisboa é que se criou o mito do porto mal-amado», concluiu.