Médicos «do norte e do centro não conseguem tratar doentes»

O bastonário da Ordem dos Médicos denuncia que, por razões orçamentais, há clínicos proibidos de prescrever os medicamentos que consideram adequados para os seus doentes.

«Há médicos que estão, neste momento, a ser proibidos de prescrever aquilo que acham que devem para os doentes. Isso é, obviamente, inaceitável. Devemos combater as situações de discriminação», afirmou José Manuel Silva, quarta-feira à noite, num debate promovido pela Ordem dos Médicos sobre racionamento e racionalização de medicamentos.

José Manuel Silva dá o exemplo dos fármacos para a hepatite C que não estão a ser administrados em algumas unidades de saúde.

Uma situação que Emília Rodrigues, presidente da associação «SOS Hepatites», confirma:

«Há uma ata assinada entre agosto e outubro do ano passado em que esse medicamento está proibido de entrar nos hospitais do norte», pensa que por uma questão «economicista».

Rui Tato Marinho, coordenador de hepatologia da Ordem dos Médicos, acrescenta que «os colegas do norte e do centro não conseguem tratar doentes. O coordenador diz ainda que a Ordem já alertou o ministério, mas «não obteve resposta» e que a situação «mantém-se» há um ano.

Em comunicado enviado à agência Lusa, o ministério da Saúde declara que não tem conhecimento da proibição.

«Dada a gravidade das suas declarações, o ministério da Saúde aguarda que o sr. bastonário esclareça com rigor que hospitais, com que médicos, para que patologias concretas e envolvendo que medicamentos, os casos apontados genericamente estarão, supostamente a ocorrer», é referido no comunicado.