A Comissão de Trabalhadores (CT) da TAP convocou um Plenário Geral na quarta-feira, sobre a privatização, a que se opõe, seguida de uma marcha até ao aeroporto, anunciou esta sexta-feira a coordenadora, Cristina Carrilho.
“Por uma TAP pública ao serviço do país e dos portugueses, os de cá de dentro e os de lá de fora”, é este o mote do “Plenário Geral de trabalhadores que vai acontecer no dia 15 de fevereiro pelas 15:00, seguido de uma marcha até à aerogare”, anunciou a coordenadora da CT, em conferência de imprensa, à entrada das instalações da companhia aérea, junto ao aeroporto de Lisboa.
Serão também discutidas a “defesa e a melhoria das condições laborais”.
“É necessário fazermos uma avaliação do que se está a passar na empresa, agora com a privatização em cima da mesa. A Comissão de Trabalhadores da TAP sempre defendeu a TAP pública e, portanto, vamos falar sobre este assunto, debatê-lo com os trabalhadores e definir formas de tentarmos evitar essa privatização”, afirmou Cristina Carrilho.
Para a CT, a finalidade do plano de reestruturação a que a companhia aérea está a ser sujeita é torná-la viável e rentável e se tal for alcançado com uma gestão pública, não há necessidade de privatizar.
Questionada sobre o ponto em que se encontra o processo de privatização, a coordenadora da CT disse que não recebeu ainda informação por parte da administração da empresa.
Já sobre uma notícia avançada esta sexta-feira pelo Expresso, de que o ‘hub’ (centro de conexão) de Lisboa não estará assegurado com a privatização, Cristina Carrilho afirmou não ficar surpreendida.
“Se a empresa for comprada, e o que tem sido dito [na comunicação social] é que será uma companhia aérea multinacional, que tem os seus ‘hubs’ no sítio onde operam e, por exemplo, se for a IAG [Iberia-British Airways], há aqui Barcelona, há Madrid aqui mesmo ao lado e, portanto, poderá o ‘hub’ ser desviado para uma dessas cidades”, apontou Cristina Carrilho.
Para a CT, esta é uma situação que “vai afetar, com certeza, a economia do país”.
A estrutura representativa dos trabalhadores da TAP teme que a privatização agrave a “perda de direitos laborais e sociais” que os trabalhadores já enfrentam, na sequência do plano de reestruturação que impôs despedimentos e cortes salariais.
“A intenção, com os cortes e as denúncias dos AE [acordos de empresa] é fazer os trabalhadores ficarem mais baratos, para que a privatização seja mais agradável, digamos assim, para quem comprar”, defendeu a coordenadora, realçando que poderá até estar em causa o eventual “desaparecimento da TAP”.
Cristina Carrilho defendeu ainda que “todas as privatizações que foram tentadas na TAP correram sempre muito mal e, se não fosse o Estado a pôr a mão, a TAP já tinha desaparecido há algum tempo”.