Quatro em cada dez jovens receiam ser pais numa altura de acentuada crise climática e afirmam que os governos estão a falhar na prevenção de uma crise climática, de acordo com um estudo pré-publicado esta terça-feira na revista Lancet Planetary Health.
O trabalho, que engloba uma população de jovens entre os 16 e os 25 em dez países diferentes, incluindo Portugal, afirma ainda que cerca de seis em cada dez pessoas está muito ou extremamente preocupado com as mudanças climáticas. Um número semelhante afirma não confiar na capacidade de os governos os protegerem a eles, ao planeta e às gerações futuras.
Na mesma linha, três quartos da amostra concorda com a afirmação “o futuro é assustador” e mais da metade sentiu que teria menos oportunidades do que os seus pais. Quase metade relatou sentir-se angustiada, ou ansiosa com o clima, de uma forma que estava a perturbar o dia-a-dia das suas vidas.
A investigação contou com contributos de cerca de 10 mil jovens da Austrália, Brasil, Finlândia, França, Índia, Nigéria, Filipinas, Portugal, Reino Unido e Estados Unidos.
Ativistas do clima, citados pelo The Guardian, sublinharam que a ansiedade gerada pela crise climática está mais disseminada nos jovens atualmente. Mitzi Tan, das Filipinas, disse ao jornal britânica que cresceu “com medo” de se “afogar no próprio quarto”
“A sociedade diz-me que essa ansiedade é um medo irracional que precisa de ser ultrapassado, um medo capaz de ser consertado”, afirma a ativista, destacando um sentimento de “traição” pela falta de estratégias governamentais. “Para realmente abordar a crescente ansiedade climática, precisamos de justiça”.