Transexual: instituição «terá responsabilidade» - TVI

Transexual: instituição «terá responsabilidade»

  • Portugal Diário
  • 16 mar 2006, 17:55
Sem-Abrigo: Jovens à guarda de centro educativo

Por não estar «preparada para menores com antecedentes criminais», diz relatório

A instituição do Porto que acolhia 11 dos 12 rapazes suspeitos do homicídio de um transexual está mal preparada para receber menores com antecedentes criminais, disse hoje um dos co-autores do relatório pedido pelo bispo do Porto.

«Instituições como a Oficina de S. José não estão vocacionadas para jovens com antecedentes criminais e esta é, para mim, a grande conclusão a extrair», disse à agência Lusa o padre Lino Maia, co-autor do relatório a entregar sexta-feira ao bispo D. Armindo Lopes Coelho.

Admitindo que a Oficina de S. José, tutelada pela Igreja Católica, «terá alguma responsabilidade» no comportamento desviante dos menores, o padre Lino Maia desculpou-a porque - disse - «instituições deste tipo foram criadas apenas para acolher menores abandonados e órfãos».

Nas suas declarações à agência Lusa, o também presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) afirmou, contudo, que o relatório não incentivará o fecho de portas destas instituições à admissão de mais menores com historial criminal.

«Não vamos enveredar por qualquer braço-de-ferro, mas vamos provocar um encontro com responsáveis de várias instituições que acolhem crianças em risco a fim de analisar a matéria. Faz falta uma reflexão profunda», frisou.

Lino Maia adiantou que no domingo, dois dias após a entrega do relatório ao bispo D. Armindo Lopes Coelho, será facultada uma síntese do documento aos jornalistas.

Também domingo, a Oficina de S. José - que acolhe 68 rapazes - celebra o dia do seu patrono, abrindo as suas portas à comunicação social, o que acontece pela primeira vez desde que, em fins de Março, foi noticiado o alegado envolvimento dos internos no homicídio de um sem abrigo e transexual.

O porta-voz da Diocese, padre Américo Aguiar, disse, entretanto, que na sexta-feira o bispo Armindo Lopes Coelho se deve limitar a assinalar, em curto comunicado, a recepção do relatório que ordenou em 24 de Fevereiro.

O inquérito foi determinado «mal o bispo conseguiu falar com responsáveis da instituição», precisou Américo Aguiar, explicando que a averiguação só não foi iniciada mais cedo porque D. Armindo Lopes Coelho esteve num sínodo de bispos até sexta-feira e houve dificuldade em estabelecer contactos com os responsáveis da Oficina de S. José.

O Tribunal de Instrução Criminal do Porto ordenou a prisão preventiva de um adolescente de 16 anos suspeito do homicídio do transexual.

Os menores, um a viver no Centro Juvenil de Campanhã e os outros na Oficina São José, foram identificados pela Polícia Judiciária (PJ) como presumíveis autores do homicídio e ocultação de cadáver de um transexual de 45 anos, que costumava pernoitar num edifício inacabado no Porto.
Continue a ler esta notícia