SIDA: só uma em cada dez crianças é medicada - TVI

SIDA: só uma em cada dez crianças é medicada

  • Portugal Diário
  • 16 jan 2007, 19:22

Tratamentos custam apenas 12 cêntimos por dia

Apenas uma em cada dez crianças infectadas com o vírus da SIDA a precisar de anti-retrovirais teve acesso a eles em 2005, embora o custo desse tratamento seja actualmente de 12 cêntimos por dia, segundo um relatório da UNICEF hoje divulgado.

O relatório «As Crianças e a sida», divulgado em Genebra e a que a Agência Lusa teve acesso, alerta para a «insuficiência trágica» na ajuda mundial às crianças com SIDA, mas saúda o aumento do número daquelas que estão a receber tratamento e destaca Cabo Verde como um dos sete países que, de um total de 158, está a assegurar o tratamento com anti-retrovirais a mais de 20 por cento dos menores de 15 anos.

Segundo o relatório, Cabo Verde garantiu em 2005 o tratamento com anti-retrovirais de quase metade (47 por cento) das crianças infectadas com o vírus da imunodeficiência humana (VIH) a precisar desses medicamentos.

Estes números colocam o arquipélago muito à frente dos outros países de língua oficial portuguesa para os quais estão disponíveis dados - Angola e Moçambique, que trataram apenas três por cento -, mas também de outros países como o Gabão (19 por cento), a África do Sul (18), a Zâmbia (13) ou o Quénia (11).

Em todo o mundo, em 2005, 780 mil de crianças precisavam de anti-retrovirais, mas apenas uma em cada dez teve acesso a esses medicamentos.

O último ano registou uma baixa significativa no preço dos anti-retrovirais, graças à iniciativa HIV/AIDS da Fundação do ex-presidente norte-americano Bill Clinton que conseguiu negociar um custo para o tratamento com anti-retrovirais pediátricos de 16 cêntimos de dólar (12 cêntimos de euro) por dia ou 60 dólares (46,5 euros) por ano.

Em todo o mundo, há 2,3 milhões de crianças infectadas com o VIH, lê-se no relatório, que é um ponto da situação um ano depois do lançamento da iniciativa «Unidos pelas Crianças, Unidos contra a SIDA», projecto que reúne a UNICEF, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a agência da ONU para a SIDA, ONUSIDA.

A ONU estima em 30 mil milhões de dólares (23,1 mil milhões de euros) a verba necessária para financiar a ajudas a crianças vítimas da SIDA e apela a todos os países para que destinem pelo menos 10 por cento dos seus fundos para o combate à SIDA à assistência às crianças e adolescentes.

Segundo estima, em 2006, 530 mil novas crianças foram infectadas com o vírus, na maior parte dos casos pela transmissão de mãe para filho que, sem profilaxia, acontece num em cada três casos.

O objectivo da iniciativa é conseguir que, até 2010, 80 por cento das crianças que precisam de anti-retrovirais tenham acesso a esse tratamento, porque quando não são tratadas, metade morre antes dos dois anos.

No plano da protecção aos órfãos da SIDA, o relatório calcula em 15,2 milhões o número de menores de 18 anos que, em todo o mundo, perderam pelo menos um dos pais devido à SIDA e afirma que estas crianças, como todos os órfãos, tem menos acesso à escola, sofrem muitas vezes de traumas psicológicos e depressão e, segundo os estudos mais recentes, estão mais expostas à infecção pelo VIH.

Moçambique, que conta cerca de 510 mil crianças órfãs da SIDA, está entre os 20 países da África Subsaariana que aprovaram planos de acção nacionais para apoiar as crianças órfãs ou vulneráveis.

Nenhum dos outros países de expressão portuguesa tem um plano deste tipo, embora Angola conte com 160 mil crianças que perderam pelo menos um dos pais devido à SIDA e a Guiné-Bissau com 11 mil .
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