Autoeuropa vai produzir menos 10 mil veículos em 2005 - TVI

Autoeuropa vai produzir menos 10 mil veículos em 2005

Fábrica 02

A Autoeuropa vai produzir menos 10 mil veículos este ano, face às 95.660 unidades registadas no ano anterior, o que corresponde a uma quebra de 50 mil veículos desde 2003, altura do último contrato alcançado.

De acordo com o coordenador da comissão de trabalhadores da Volkswagen Autoeuropa, António Chora, num artigo publicado no jornal interno da fábrica, «o novo programa de produção para 2005 é de nova redução, desta vez de 10.000 carros, apesar do anúncio do novo produto».

Confrontado com esta informação, o director-geral da Autoeuropa, Emilio Sáenz, refere que esse número não está fechado, em virtude de «depender muito da situação do mercado a nível mundial».

Em 2004 o volume de negócios da Autoeuropa ascendeu a 1,429 mil milhões de euros, uma redução face aos 1,624 mil milhões registados no ano anterior, com o impacto nas exportações nacionais a atingir os 4,9% em 2003 e os 1,2% no PIB também relativo a 2003.

Do total produzido em 2004, 99,07% dos veículos foram para exportação e 1,93% para consumo interno, o que corresponde a uma subida de 0,43% face a 2003. Na fábrica de Palmela são produzidos os monovolumes Sharan da VW (38.583 veículos em 2004), da Alhambra da Seat (21.580) e da Ford Galaxy (35.497).

No entanto, o contrato que liga a Ford à Autoeuropa termina no final deste ano, sendo que a marca já confirmou que não o pretende renovar, deslocando a sua produção para a Bélgica.



Questionado sobre se a produção do VW Cabrio (69 mil unidades na sua capacidade máxima em ano de cruzeiro) iria conseguir compensar a saída da Ford Galaxy no final do ano (responsável por 37% do total produzido em 2004), o mesmo adiantou que «a saída da Ford em 2005 ainda não está fechada», revelando que irá encontrar-se no próximo mês de Junho com os responsáveis da marca na Europa para tentar adiar a sua saída «pelo menos até final do primeiro trimestre de 2006». No entanto salienta que «que a saída da Ford vai ser compensada com o cabrio» sendo que, o objectivo é «manter o mesmo volume da Galaxy em 2006».

Ainda assim o mesmo revela que os próximos três anos serão «duríssimos», acrescentando mesmo que «2005 será o maior desafio na história da fábrica». Em causa estão não só as alterações que a fábrica tem que sofrer para receber o novo modelo, como também a negociação do novo contrato com os trabalhadores e tentar trazer um novo modelo em 2007 (o prazo limite para a decisão da nova Sharan termina em 2006), que garanta a continuidade da produção na fábrica para além do VW Cabrio, cujo contrato de produção tem a duração de 10 anos.

Entre os principais problemas que o responsável aponta, um dos maiores prende-se com os gastos com a exportação de resíduos, já que o mesmo refere que custam à fábrica dois milhões de euros por ano, acrescentando que «o tratamento de resíduos em Portugal custa quatro vezes mais do que em Espanha».

Outra questão é que «estamos muito longe da Alemanha», o principal destino da exportação com mais de 30% do total e, para além disso, «Portugal já não tem mão-de-obra barata», o que faz com que a produção em Bratislava, a principal concorrente, «saia mais barata».

No entanto, nem tudo são más notícias já que, segundo Emilio Sáenz, apesar da fábrica estar a 60/65% da sua capacidade máxima de produção, com cerca de 500 carros diários, a Autoeuropa «é uma unidade produtiva que dá muito dinheiro».

Quanto à negociação do novo contrato com os trabalhadores, que deve começar em Julho, o responsável refere não estar «muito preocupado», salientando no entanto que até final do ano «não sai ninguém».

A Autoeuropa empregava directamente 2.955 trabalhadores em 2004 sendo que estavam ainda ligados à unidade industrial 2.058 empregados através do parque industrial e outros serviços contratados, assim como 3.688 trabalhadores provenientes dos fornecedores, num total de 8.701 trabalhadores.

Confrontado com a hipótese de o acordo laboral passar pelas mesmas premissas do alcançado na Alemanha, onde os trabalhadores alcançaram um contrato até 2011 sem aumentos salariais, com a contrapartida de ninguém ser despedido, o mesmo afirma que «lá não houve aumentos de ordenados mas isso cá é impossível».
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