Lars von Trier, afinal, não se desculpa pelo que disse no último Festival de Cannes. Numa nova actualização da polémica, o realizador dinamarquês vem agora dizer que o que está dito está dito e não está arrependido de tê-lo dito. E não é preciso ficar confuso. Von Trier mantém que foi uma piada que correu mal - como já tinha vindo justificar -, mas, agora, frisa que foi uma piada e que não pede desculpa pela sua intenção independentemente de esta ter dado para o torto.
A <> rebentou em Maio na conferência de imprensa de «Melancholia», quando Von Trier e o elenco falavam do filme que o realizador levou ao festival francês. «Durante muito tempo pensei que era judeu e estava feliz por ser judeu. Depois conheci Susanne Bier [realizadora dinamarquesa e judia, que ganhou este ano o Óscar para o Melhor Filme Estrangeiro com «Num Mundo Melhor»] e não fiquei assim tão contente. Mas depois descobri que, na verdade, era nazi. A minha família era alemã. E isso também me deu algum prazer. O que é que posso dizer¿ Compreendo Hitler... Simpatizo um pouco com ele», afirmou então.
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Lars von Trier tornou-se então o centro das atenções. foi-lhe exigido um pedido de desculpas que ele fez e, não obstante, foi expulso do certame como persona non grata. Ainda em Cannes, o cineasta deu mais explicações, posteriormente, declarou que não daria mais conferências de imprensa.
Agora, numa entrevista à «GQ», Lars von Trier assume a sua maneira de ser para actualizar o caso sentenciando que «não existem coisas certas ou erradas para dizer». «Eu penso que tudo pode ser dito. Eu sou muito assim. Passa-se o mesmo com os filmes: tudp pode ser feito num filme. Se pode ser pensado pela mente humana, então pode ser dito e pode ser visto num filme», avisou.
«É claro que depois se arranja problemas por causa disso - isso é garantido -, mas isso não faz com que esteja errado. Dizer que peço desculpa pelo que disse é dizer que peço desculpa pelo tipo de pessoa que sou, que peço desculpa pela minha moral. E isso detruir-me-ia como pessoa», assumiu o dinamarquês vincando a sua escusa em desculpas com a explicitação das intenções: «Não é verdade, eu não me arrependo. Eu não me arrependo do que disse. Eu arrependo-me de que não tenha sido claro. Não me arrependo de ter feito uma piada, mas arrependo-me de não ter deixado claro que era uma piada. Mas não posso arrepender-me do que disse: é contra a minha natureza.»
É já em Novembro que a natureza de Von Trier chega a Portugal em forma de filme com a antestreia nacional de «Melancholia», no Lisbon & Estoril Film Festival 11. O filme com que Kirsten Dunst acabou por ganhar a Palma de Ouro em Cannes tem a estreia em Portugal prevista para Dezembro. O cineasta dinamarquês já trabalha entretanto no seu próximo filme, «Ninphomaniac», um filme pornográfico que promete ser bastante hardcore. <>
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