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Incapacidade de Portugal para se financiar «é uma questão de tempo»

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O economista António Nogueira Leite alertou esta quinta-feira para o ritmo «incomportável» de endividamento do Estado português, admitindo que «é uma questão de tempo» até Portugal perder a sua capacidade de se financiar.

O economista, principal conselheiro económico de Pedro Passos Coelho, sublinhou que «o Estado tem de ter a coragem de cortar [a despesa]» porque «os credores estão a deixar de acreditar».

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Acrescentou ainda que o «Estado se está a financiar a níveis recorde, em termos de custo, unicamente e exclusivamente porque o Banco Central Europeu tem em funcionamento um regime excepcional». «Sem esse mecanismo, estou plenamente convencido que hoje não só o Estado como a economia não se financiava».

Segundo as contas de Nogueira Leite, há um ano, o endividamento de Portugal era de dois milhões de euros por hora e neste momento é de 2,5 milhões. «Isto é absolutamente incomportável», observou, afirmando que Portugal pode perder a capacidade de se financiar: «É só uma questão de tempo».

Lamentando que Portugal «não se consiga governar a si próprio», declarou que «era muito importante que o próximo Orçamento de Estado (OE), desse um sinal claríssimo» de que seria feito um ajustamento do lado da despesa. «Temos de ver se o governo cumpre, sem artifícios e aldrabices, a evolução das contas em 2010 e se o OE para 2011, que vai se conhecido em Outubro, faz um ajuste pelo lado certo, que é única e exclusivamente o lado da despesa».

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Nogueira Leite afastou qualquer possibilidade de aumentar os impostos, justificando que os impostos sobre o rendimento «são iníquos» e atrofiam a economia.

«Não podemos continuar a atrofiar a economia quando esta está a deixar de funcionar e o estado, as autarquias, as empresas públicas e as empresas municipais não fazem o que têm de fazer que é controlar as despesas».

O economista manifestou também dúvidas sobre a transparência das contas públicas, devido à não aplicação do Plano Oficial de Contabilidade Pública, de forma generalizada, e ao «elevado nível de desorçamentação».

«O que acontece é que continuamos, por um lado, a recorrer a expedientes e, por outro, a não aplicar adequadamente os bons instrumentos das contas públicas».

«Pelos atrasos brutais dos pagamentos do Estado aos seus fornecedores, imagino que se o Estado cumprisse a lei e aplicasse generalizadamente o Plano, provavelmente iríamos registar um aumento de despesa ainda maior do que temos tido».

Para Nogueira Leite, o «discurso de rigor» não se coaduna com a prática: «Continuamos a ter uma atitude de indiferença perante a necessidade que temos de alterar a forma como vivemos».

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