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Ex-agente da CIA denuncia torturas

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Antigo operacional diz que ordens vieram «da Casa Branca»

A CIA chama-lhe métodos «alternativos» de interrogatório. Um ex-agente considera que as aspas deveriam encerrar a palavra tortura. Em declarações à cadeia televisiva CNN o antigo operacional da agência norte-americana John Kiriakou assegurou que as polémicas cassetes de vídeo, destruídas pela CIA, continham cenas chocantes com suspeitos a ser sujeitos à chamada técnica de «waterboarding» (em que os interrogados experimentam a sensação de afogamento). A ordem para que estes métodos fossem utilizados terá vindo «da Casa Branca».

Kiriakou admite que o procedimento, que terá sido aplicado entre outros suspeitos da Al Qaeda a Abu Zubayda, «salvou vidas». Mas manifestou o seu repúdio por uma técnica perante a qual recusa eufemismos e não hesita em qualificar de tortura.

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A descrição que fez à CNN da forma como este procedimento é aplicado a pessoas suspeitas não deixa muitas dúvidas. Segundo Kiriakou, o indivíduo é preso a uma mesa com os pés ligeiramente levantados. Em seguida, um pedaço de celofane é-lhe pressionado contra a cara e é despejada água sobre a sua boca.

O celofane impede o afogamento do suspeito, mas a sensação é bem real, explicou o ex-agente, dizendo que é activada uma reacção fisiológica de tensão muscular imediata. «Faz-nos sentir sufocados», disse Kiriakou, confessando que ele próprio passou pela experiência, por breves segundos, durante o período de treino que fez na CIA. «É completamente desagradável», disse.

Kiriakou disse ter interrogado Abu Zubayda, mas assegurou que não participou no seu «waterboarding». O ex-agente reconhece que foram recolhidas informações valiosas na luta anti-terrorista, frisando, no entanto, que se opõe a esta e outras técnicas «alternativas» de interrogatório.

«Decisão que veio da Casa Branca»

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A utilização destes métodos terá sido aprovada pelo Departamento de Justiça e pelo Conselho de Segurança Nacional dos EUA em Junho de 2002, disse Kiriakou. «Foi uma decisão que veio da Casa Branca», afirmou.

O ex-agente explicou ainda que, apesar da autorização dada por superiores, muitos agentes se recusaram a aplicar este tipo de interrogatórios.

Kiriakou também se manifestou contra a destruição das gravações de interrogatórios, dizendo que nem ele nem os outros agentes sabiam que estavam a ser filmados, de forma particular quando aconteceu o de Zubayda.

Após a destruição destes vídeos, o Departamento de Justiça e a própria CIA anunciaram a abertura de um inquérito preliminar ao director da agência, Michale Hayden, antes de ser questionado por comités do congresso sobre o tema.

O director da CIA disse que as cassetes foram destruídas apenas depois de ter sido determinado que não tinham valor em termos de informações de inteligência e que não eram relevantes para a eventualidade de inquéritos legislativos ou judiciais. Porém, os líderes do congresso asseguram que não foram devidamente notificados desta decisão.

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