PUB
Cinco meses de negociações, sucessivas reuniões entre os credores, um “corrupio” de ministros das Finanças “ensonados” e um (des)acordo adiado. O governo da Grécia foi instado a ultrapassar as suas linhas vermelhas. É o país e a paciência de todos que está a chegar ao seu limite, entre “o lume e a frigideira”. A Grécia vale 2% do PIB da Europa, mas é um “ralo da banheira” que tem força suficiente para “esgotar a água”, constatou-se esta quarta-feira, no programa especial sobre a Grécia que decorreu pelas 21:30 na TVI24.
“Este governo grego não nasce da fantasia. Nasce de uma realidade bem mais dura do que aquela que conhecemos aqui. Pobreza, uma sociedade exausta, que para se reformar precisa de tempo, respirar e crescer. O melhor que podemos fazer à Grécia para que se reconstrua, cobre impostos e mate a corrupção é dar-lhe tempo. A Grécia pode significar só 2% do PIB europeu, mas o ralo também é só 2% da banheira e esgota a água toda”
PUB
O impacto do problema grego para toda a Europa foi sublinhado também pelos outros intervenientes. No debate, conduzido pelo jornalista Paulo Magalhães, o economista e conselheiro de Estado Vítor Bento defendeu, por sua vez, que a Grécia está “na posição em que se colocou” e que durante estes meses não tem havido “evolução” do lado grego, que apresentou, até há muito pouco tempo, “programas de faz-de-conta”, só baseado em “projeções”. O corte nas pensões, por exemplo, defendido pelo FMI, é razoável, no entender deste economista:
“Até 2012 [última série conhecida], a pensão média na Grécia era de 1000 euros e em Portugal 675 €. A pensão média alemã são 1.000 e poucos euros. Não estamos a falar de valores extremamente baixos. Valores face ao que têm sido outros programas de ajustamento são perfeitamente razoáveis”.
“A Europa tem de escolher com quem quer falar da próxima vez, se é com Aurora Dourada, com os militares... Já se destruiu o sistema político grego”
PUB
carregada ao colo pelo BCE“Não estou certo que o Syriza queira que a Grécia continue no euro. A proposta dos credores parece-me razoável nos termos em que está. Não vejo estar a atirar a Grécia para o abismo. Não vejo tão impossíveis consensos. A política é arte do possível”.
Rui Tavares contrapôs que o remédio seguido até agora fez encolher a economia grega em 25%. "Pela metodologia e erro de diagnóstico e pela dose, nomeadamente pela dose, não funcionou". A questão da dívida é, por outro lado, "é neste momento a diferença entre o acordo passar ou não passar no parlamento grego".
PUB