O ex-secretário-geral do PCP Carlos Carvalhas ironizou este sábado com o socialista «em palavras» José Sócrates na resposta que deu como primeiro-ministro à crise internacional em Portugal, noticia a Lusa.
Carlos Carvalhas, saudado de pé por parte dos delegados do XVIII Congresso Nacional dos comunistas, em Lisboa, falou sobre a crise capitalista e as «piruetas» dos «sociais-democratas» que «criticam o neoliberalismo como se não fosse nada com eles».
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«Até Sócrates se tornou socialista em palavras e num postura de grande indignação já chegou a afirmar «Nós nunca colocaríamos as poupanças dos nossos reformados na roleta da bolsa», afirmou. Só que, lembrou, 21 por cento do fundo de estabilização «está aplicado em acções, metade dos quais dos Estados Unidos».
O ex-líder, que continuará no Comité Central a eleger no congresso, lembrou que o partido avisara, «quando a bolha bolsista» rebentou que a crise era de «alcance planetário» e que muitos estavam, na prática, a investir em títulos que «não passavam de pirâmides do tipo D. Branca».
A crise foi tal que, descreveu, obrigou ao «recurso a práticas e conceitos proscritos e diabolizados como as nacionalizações», obrigando Sócrates e o Presidente da República, Cavaco Silva, a regulamentar o artigo da Constituição sobre as nacionalizações. «Afinal, o PCP sempre tinha razão e as suas propostas ditas irrealistas são agora retomadas pelos doutos sacerdotes do neoliberalismo», afirmou.
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Homenagem a Cunhal
Os delegados responderam à homenagem, que tinha sido previamente anunciada, vendo e ouvindo em silêncio as imagens de Cunhal, que morreu a 13 de Junho de 2005 aos 91 anos, transmitidas num vídeo preparado de propósito para o Congresso.
O filme começa com imagens de Cunhal no primeiro comício do PCP após o 25 de Abril de 1975 no Campo Pequeno, em Lisboa - o mesmo local onde decorre o XVIII Congresso comunista.
A mensagem desse comício, disse Cândido Mota, a voz off do vídeo, era «a unidade». No vídeo, são também lembrados o tarrafalista Sérgio Vilarigues e o dirigente histórico José Vitoriano, já falecidos, mas o destaque foi para Cunhal. A homenagem foi um dos pontos altos do primeiro dia da XVIII reunião magna dos comunistas. No final do vídeo, os delegados aplaudiram de pé e, de punho erguido, proferiram as palavras de ordem PCP/PCP, «assim se vê a força do PC» e «a luta contínua».
China: as ressalvas do PCP
O PCP defende o reconhecimento do direito da China e da Coreia do Norte a decidirem os seus destinos, mas alterou o texto do projecto de resolução política para acentuar as discordâncias de princípio face àqueles modelos.
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No capítulo sobre análise da situação internacional, as teses do PCP, que serão aprovadas no XVIII Congresso, estabelecem como «importante realidade do quadro internacional», os países que «definem como orientação e objectivo a construção duma sociedade socialista».
São os casos, refere o documento, de Cuba, China, Vietname, Laos e República Democrática da Coreia (Coreia do Norte). Na versão proposta a debate no partido, antes do Congresso, dizia-se no texto que «independentemente das avaliações diferenciadas em relação aos caminhos e às características destes processos», o PCP considera fundamental reconhecer e assegurar o direito dos povos destes países a «decidir livremente sobre o seu próprio caminho».
Na versão proposta hoje ao Congresso, já depois de admitidas as alterações, o PCP vai mais longe nas ressalvas, ao afirmar que aqueles processos de construção socialista «exigem permanente e cuidada observação e análise».
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