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BPN: colecção de arte egípcia comprada por 5 milhões é falsa

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A colecção de arte egípcia que o BPN comprou por 5 milhões de euros quando Oliveira e Costa ainda liderava os seus destinos, integra peças falsas e outras de antenticidade muito duvidosa, disse à Lusa o director do Museu Nacional de Arqueologia, Luís Raposo.

«O que lhe posso dizer, através dos contactos que fiz e das fotografias que vi dessa colecção, e sobretudo do relatório da conservadora do Museu Nacional de Arqueologia que encarreguei de estudar o assunto, é que tenho a convicção absoluta e noutros casos a certeza, de que são peças na maior parte falsas, não são autênticas», afirmou à Lusa Luís Raposo.

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A colecção, classificada já de «extravagante» pelo actual presidente da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), Miguel Cadilhe, é composta por várias dezenas de peças trabalhadas em ouro que alegadamente remontam à Idade do Cobre (calcolítico) e por estatuetas em pedra que representam a deusa da fertilidade.

«É o facto de dizerem que foram encontradas em território nacional que transporta da presunção de falsidade para a certeza absoluta de falsidade. É totalmente impossível encontrar este tipo de peças em território nacional», afirmou Luís Raposo.

A intervenção do Museu Nacional de Arqueologia teve lugar em 2005, a pedido do Instituto Português de Museus (IPM), numa altura em que as peças já se encontravam na posse do BPN mas em que a venda não estava ainda concluída.

Peças foram compradas a coleccionador privado português

Fonte policial disse também à Lusa que «existem muitas dúvidas» a respeito da autenticidade da dita colecção que o BPN comprou a um coleccionador privado português entre 2004 e 2006.

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A mesma fonte assegurou que, apesar das dúvidas, não está a decorrer qualquer investigação a respeito deste negócio, uma vez que para tal seria necessária a apresentação de uma queixa formal por parte dos eventuais lesados (neste caso, o grupo Sociedade Lusa de Negócios/BPN).

O actual presidente da SLN anunciou em Setembro que o valor da colecção ronda os 5,6 milhões de euros. A Lusa tentou ainda obter esclarecimentos de fonte oficial do BPN, que agora pertence ao Estado, sobre as dúvidas quanto à autenticidade (e consequentemente quanto ao valor) das peças, mas não obteve resposta.

Recorde-se que o antigo presidente do grupo SLN/BPN, José de Oliveira e Costa, encontra-se detido em prisão preventiva, tendo sido constituído arguido por suspeitas de burla e branqueamento de capitais, entre outros crimes.

Berardo queria avaliar colecção no estrangeiro

A colecção egípcia que o BPN comprou chegou a ser oferecida a Joe Berardo, em 2004, mas o negócio falhou porque o empresário queria avaliar as peças no estrangeiro e o vendedor nunca as deixou sair do país.

«O Sr. Berardo queria levar as peças para Paris, para fazer a avaliação. Mas nós não quisemos que saíssem do país, porque existem meios em Portugal para fazer o processo de certificação e avaliação», afirmou à Lusa o arqueólogo Manuel Castro Nunes, que foi incumbido pelo proprietário da colecção de fazer a avaliação e de mediar a venda das mesmas.

De acordo com o arqueólogo, o negócio com Berardo não se concretizou, tendo de seguida o Banco Português de Negócios (BPN), então liderado por José de Oliveira e Costa, manifestado interesse pela colecção, a qual adquiriu por 5 milhões de euros, entre 2004 e 2006.

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