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Ministro acusa agências de rating de interesses comerciais

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Para Teixeira dos Santos, as agências estão na origem de vários problemas, devido a erros de avaliação de risco num passado recente. Para além disso, estão a precipitar-se na avaliação do Orçamento do Estado

O ministro de Estado e das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, acusou esta quinta-feira as agências de rating de terem causado alguns problemas no passado recente com os seus erros de avaliação de risco e de se estarem a precipitar na avaliação do Orçamento do Estado para 2010.

Mais do que isso, Teixeira dos Santos afirmou que «não podemos estar sujeitos muitas vezes àquilo que podem ser interesses de estratégia comercial de agências que procuram reforçar a sua quota de mercado».

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«Não se pode ignorar que muitos dos problemas graves com que nos defrontámos nos últimos anos tiveram a ver cm erros de avaliação do risco cometidos pelas agências de rating», afirmou o governante, num almoço com empresários promovido pelo Fórum de Administrações de Empresas.

Ressalvando que não considerava ninguém «incompetente», o ministro disse-se «chocado» por ver «alguns comentários precipitados».

«Não é possível que, quando eu entreguei o Orçamento no dia 26 à noite, no dia 27 logo de manhã já tivessem um juízo fundado sobre o documento. Não foram análises mas sim comentários de pessoas que trabalham nas agências de rating», criticou.

Estratégia de médio prazo estará no PEC

O ministro reagia assim às declarações prestadas por um dos directores da Fitch à Bloomberg, onde dizia, no dia 27 pela manhã, que face ao Orçamento apresentado pelo executivo, o mais provável seria que a agência baixasse a notação do risco da dívida pública nacional.

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De referir que, ontem, depois da apresentação do Orçamento de Estado para 2010 na terça-feira à noite, a Fitch avisou Portugal de que o mais provável é cortar o seu rating face a um défice bem superior ao estimado. Esta quinta-feira, foi a vez da S&P dizer que aguardava para ver o programa de estabilidade e crescimento português antes de decidir se baixa ou não o rating ao nosso país. Já a Moody's, apesar de também não se ter comprometido, foi mais longe e diz que o valor inesperado do défice relativo a 2009, bem como a projecção de uma dívida pública acima dos 85% do PIB, mostram uma «nova erosão da sustentabilidade do endividamento» português.

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«É importante olhar não só para as medidas que nos propomos tomar este ano, mas também para a estratégia de consolidação a médio prazo e isso estará presente na actualização do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC)», sublinhou o ministro.

O governante lembra ainda que, as agências que agora pedem aos governos para corrigirem rapidamente os défices orçamentais, são as mesmas que, há um ano atrás, apelaram à intervenção dos governos para evitar os colapsos das economias.

«Há um ano atrás, todos nos pediam uma intervenção forte na economia para evitar o seu colapso. É paradoxal que aqueles que clamavam há um ano pela nossa intervenção sejam os mesmos que querem agora que saiamos de cena o quanto antes. Nós sairemos de cena, mas fá-lo-emos de forma a não penalizar a economia e a garantir que a sua recuperação será sustentada», disse.

Mercados não reagiram mal ao OE

Para Teixeira dos Santos, «é uma interpretação abusiva e não fundamentada dizer que os mercados reagiram mal à apresentação da proposta de Orçamento e que existe uma relação entre a evolução dos spreads nos últimos dias e o Orçamento. Nós assistimos a um agravamento dos spreads de vários países, nomeadamente da Grécia, que aumentou 70 pontos base, e que arrastou vários outros, incluindo Portugal, Espanha e Itália».

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