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Professores: stress e exposição ao risco

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Indisciplina dos alunos, que tem aumentado, é a principal causa

Os professores são dos profissionais com maiores índices de stress e de exposição ao risco, muito devido à indisciplina dos alunos, que tem aumentado bastante nos últimos anos, disse à Lusa um especialista neste fenómeno.

Segundo João Amado, professor da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e autor de várias obras sobre indisciplina, «a escola reflecte o que se passa na sociedade, que também tem estado mais violenta».

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«A indisciplina agravou-se progressivamente. Passou-se de uma infracção simples das regras para um comportamento mais violento e conflituoso», explicou.

Francisco Meireles, professor de Educação Visual e Tecnológica, não tem dúvidas disso. Depois de 14 anos afastado do ensino a trabalhar nos serviços centrais do Ministério da Educação, o docente regressou à escola no passado ano lectivo e garante que «a surpresa não está a ser nada, nada agradável».

«A degradação instalou-se a passos largos. Os insultos generalizaram-se, há agressões e conflitos quase todas as semanas», contou à Lusa o professor, de 53 anos, que lecciona na escola básica do 2º e 3º ciclos António da Costa, em Almada.

«Os professores são, actualmente, dos profissionais com maiores índices de stress e de exposição ao risco, sobretudo os do sector público», afirmou à Lusa o investigador João Amado, considerando que os docentes têm pouca preparação a nível pedagógico e de resolução de conflitos, havendo uma enorme falta de outros técnicos como psicólogos, mediadores e assistentes sociais que complementem o seu trabalho.

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O autor de obras como «Indisciplina e Violência na Escola - Compreender para Prevenir» aponta ainda como motivo do aumento do fenómeno «o facilitismo por parte de muitos pais, que se demitiram totalmente da sua função educativa».

Esta ideia não é, no entanto, aceite por Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), que garante que «a globalidade das famílias assume as suas responsabilidades ao nível da educação dos filhos».

Ao invés, o responsável da Confap aponta o dedo aos docentes, alegando que muitos se demitem de exercer a sua autoridade junto dos alunos e que agem com grande condescendência relativamente a situações de indisciplina.

Certo é que há uma percepção generalizada na opinião pública sobre o aumento da indisciplina e da violência na escola, fenómenos que, muitas vezes, andam de braços dados. O próprio Procurador-Geral da República considerou recentemente que «a situação de impunidade tem de acabar». Pinto Monteiro vai mesmo emitir uma directiva ao Ministério Público para fazer uma recolha de dados sobre a situação, «começando pela participação de todos os ilícitos que ocorram nas escolas».

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