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Cimeira: polícias têm de «pagar para trabalhar»

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Associação sindical da PSP acusa Governo de «tratamento vergonhoso»

Esta terça-feira, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros português anunciou que a cimeira UE-África, que se realiza no próximo fim-de-semana em Lisboa, terá um custo de 10 milhões de euros, descrevendo este valor como um «exercício de contenção de custos». Hoje, a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) denunciou que os agentes que estão envolvidos na segurança do encontro estão a ser afectados por esta «contenção» e que têm de «pagar as despesas do seu próprio bolso». As queixas também transpiram entre os militares da GNR ao serviço da presidência portuguesa.

Em declarações ao PortugalDiário, o presidente da ASPP, Paulo Rodrigues, explicou que foi dito aos «polícias convocados para irem a Lisboa» que «tinham de assegurar todas as despesas durante a sua estadia», desde a «alimentação» à «manutenção do fardamento». Quanto ao alojamento, os agentes que se deslocarem a Lisboa, de outros pontos do país, irão ficar no quartel militar do Ralis, «numa camarata militar com várias dezenas de polícias».

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Paulo Rodrigues explicou que a «constante entrada e saída de pessoas desse espaço», devido aos diferentes horários e funções dos polícias, irá colocar em causa o seu descanso e por isso a sua segurança e a qualidade do seu trabalho.

Para o presidente da ASPP, «quem acaba por levar com as medidas economicistas [do Governo] é a PSP», que diz estar a ser utilizada como «mão-de-obra barata». «Os agentes gastam mais do que se estivessem no seu lugar de trabalho normal», defendeu, apontando que a compensação entregue a cada um «ronda apenas os 20 euros diários», valor com terão de ser pagas todas as despesas, exceptuando o alojamento.

Para Paulo Rodrigues, este é um «tratamento vergonhoso por parte do Governo». «Somos uma das instituições mais mal pagas que vão estar envolvidas na cimeira», frisou.

O dirigente da ASPP disse que «durante a presidência portuguesa da UE foi sempre assim». Explicou, no entanto, que «desta vez há um maior número de efectivos envolvidos», com entre «3500 e 4000 agentes» e que já foram muitos os afectados ao longo dos últimos meses.

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«Situação pontual e excepcional»

Em comunicado, a direcção nacional da PSP esclareceu que o alojamento será feito em «duas unidades militares, com a dignidade e o conforto compatíveis com a missão».

Para a direcção da polícia esta é uma «situação pontual e excepcional que ocorrerá apenas durante três dias». Sobre as ajudas de custo, é esclarecido apenas que serão «conforme a situação individual e de acordo com a lei».

O PortugalDiário tentou obter esclarecimentos adicionais junto da instituição, o que não se revelou possível, tendo sido remetidas todas as explicações para o comunicado citado.

«Pagar para trabalhar»

As queixas não surgem apenas da PSP. Militares da GNR que prestam serviço na presidência portuguesa da UE também dizem ter razões de queixa. Um deles, que tem prestado serviços de condutor e segurança a altas individualidades, e que pediu para não ser identificado, disse ao PortugalDiário que esta é uma missão onerosa.

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«Nós não nos queixamos de não ganhar dinheiro, mas de perder dinheiro», disse, sublinhando no entanto que «toda gente está a gostar de desempenhar funções» no âmbito da presidência, embora sentindo-se lesada financeiramente.

«Estamos a perder dinheiro», garantiu o militar. «Perdemos quatro euros por dia em suplemento de escala, porque não estamos no posto». E acrescentou que caso o «militar não faça 100 horas mensais no seu posto», como disse acontecer devido às ausências ao serviço da presidência, «perde o suplemento de patrulha, de 56 euros mensais».

«Muitas vezes ainda temos que avançar com dinheiro para refeições», apontou, assinalando o valor recebido em vales «euroticket», para refeições surge com atraso. «Já tem acontecido recebermos eurotickets de reuniões que foram feitas há semanas ou meses», assegurou. «Isto é como pagar para trabalhar».

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