A defesa das vidas humanas no mar debate-se com falta de meios e de pessoal, num quadro agravado pela descoordenação entre as várias entidades envolvidas nos salvamentos marítimos em águas portuguesas, noticia a agência Lusa.
A situação, descrita esta sexta-feira à Lusa por pescadores e armadores, estará sábado em análise num seminário que vai decorrer durante todo o dia no Salão Paroquial das Caxinas, Vila do Conde, e incluirá uma homenagem aos pescadores que morreram em consequência de acidentes e naufrágios.
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O seminário, subordinado ao tema «Em defesa da vida humana», contará com cerca de uma centena de participantes, incluindo representantes do Estado-Maior da Armada, Direcção Geral das Pescas, capitanias, autarquias e empresas ligadas ao sector, além de deputados da Comissão Parlamentar de Agricultura e Pescas.
«Vamos tentar analisar porque falham as coisas, quais são os meios que temos, porque razão nunca aparecem a horas e o que origina tragédias como a que levou à morte de pescadores a 50 metros da praia», salientou António Macedo, presidente do Sindicato dos Pescadores do Norte, entidade promotora do encontro.
O assunto tem um especial significado para António Pontes, da Associação dos Armadores de Pesca do Mar, que já sobreviveu a três naufrágios e espera que o seminário «permita chamar a atenção das entidades que tutelam os meios de salvação».
António Pontes sabe, no entanto, que o problema não se resolve apenas com mais pessoal e meios, salientando a importância de se apostar na formação dos pescadores para os habilitar a enfrentar melhor as situações de perigo.
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No mesmo sentido, António Macedo admitiu que «a rotina leva a que os pescadores esqueçam o uso dos coletes», mas frisou que, em muitos casos, a situação é mais grave, já que «nem sequer sabem como utilizar os meios de salvação».
Para tentar inverter este quadro, o seminário que decorre sábado em Vila do Conde incluirá uma demonstração de meios de salvamento no mar, além da apresentação de modernos fatos de oleado, que incluem coletes e são mais maleáveis que os tradicionais.
O seminário vai, no entanto, incidir especialmente na análise do actual quadro dos meios de salvamento marítimo em Portugal, sendo particularmente preocupante a situação do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN), «que funciona em horário de escritório e tem colocados apenas 80 dos 150 profissionais previstos no seu quadro de pessoal».
Nessa perspectiva, o seminário «mais do que apurar responsabilidades, vai analisar o que falha e por que falha, para que, no futuro, tudo seja feito para salvar as vidas humanas».
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