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Face Oculta: Namércio Cunha faz «mea culpa»

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Arguido diz que não teve «lucidez suficiente» na forma como lidou com as anomalias detectadas nas pesagens de materiais removidos pelas empresas de Manuel Godinho

O co-arguido no processo Face Oculta Namércio Cunha fez hoje, no tribunal de Aveiro, um «mea culpa» pela forma com lidou com anomalias detectadas nas pesagens de materiais removidos pelas empresas de Manuel Godinho, noticia a Lusa.

«Não tive lucidez suficiente ou, se calhar, não quis encarar os problemas», disse o braço-direito do sucateiro de Ovar, admitindo ainda que tenha sido traído por «alguma ingenuidade» e pela vontade de manter os clientes.

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«Devia ter visto a questão com outros olhos», reafirmou.

No seu depoimento da tarde de hoje, Namércio Cunha procurou demarcar-se de algumas decisões, objecto do processo, remetendo essa responsabilidade para Godinho, nomeadamente quanto ao valor de uma proposta à EDP Imobiliária para trabalhos na rua do Ouro, no Porto.

Internamente, o grupo de Godinho entendia que os trabalhos valeriam 300 000 euros, mas apresentou uma proposta por 780 000, que terá concorrido ficticiamente com outras do mesmo universo empresarial, de valor ainda mais elevado.

«Tudo o que tinha a ver com orientações, com a parte financeira, tudo estava centralizado no senhor Godinho», disse o arguido a tal respeito.

Ainda durante a sessão da tarde, o juiz presidente, Raul Cordeiro, decidiu juntar um novo volume ao processo, contendo uma reimpressão de todas as listas de prendas de Manuel Godinho a pessoas que fariam parte da sua alegada teia de influências.

Alegou para tal «alguma dificuldade de consulta» dos ficheiros informáticos, em formato Excel.

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Na sessão da manhã, Namércio Cunha tinha-se manifestado convicto de que Manuel Godinho via o ex-ministro e ex-gestor do BCP Armando Vara como um «lobista».

«Fui ouvindo pequenas referências a Armando Vara e fiquei com a ideia de que [Manuel Godinho] o via da mesma maneira como [o consultor] Lopes Barreira, como um lobista», afirmou.

O julgamento prossegue quarta-feira. Quanto à sessão inicialmente agendada para quinta-feira, soube-se hoje que será anulada, uma vez que a juíza Liliana Carvalho, que tem enfrentado problemas de saúde, vai submeter-se nesse dia a exames médicos.

O caso Face Oculta, que hoje teve a sua 20.ª sessão de julgamento, está relacionado com uma alegada rede de corrupção que teria como objectivo o favorecimento de um grupo empresarial de Ovar ligado ao ramo das sucatas nos negócios com empresas do sector empresarial do Estado e privadas.

No banco dos réus estão 36 arguidos (34 pessoas e duas empresas) que respondem por centenas de crimes de burla, branqueamento de capitais, corrupção e tráfico de influências.

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