Portugal na maior feira do livro do mundo - TVI

Portugal na maior feira do livro do mundo

Feira do Livro de Frankfurt  (Direitos Reservados)

Frankfurt não é para todas as bolsas, mas editores sentem retorno

Quase 7500 expositores de 108 países, mais de 400 mil produtos espalhados por 172 mil metros quadrados fazem da Feira do Livro de Frankfurt a maior do mundo. Quem visita a feira pela primeira vez fica assombrado pela dimensão do evento. Um exemplo disso é o facto de haver autocarros que fazem a ligação entre os vários pavilhões onde decorre o certame.

Esta é uma feira dedicada sobretudo a quem trabalha no sector e são muitos os negócios que começam ou são fechados aqui. A azáfama é muita e não é raro ver visitantes com malas, que enchem de catálogos, panfletos e cartões de visita.

A feira é grande e há apenas quatro dias para ver tudo. Por isso, muitos visitantes evitam sair do recinto durante o certame. E, de facto, a Frankfurt Messe, local onde se realiza a feira, dispõe de todos os serviços de que necessitam. No recinto há tabacarias, quiosques, multibanco, restaurantes para todos os gostos e bolsas e até um mini-mercado.

A oferta de comida tenta adequar-se aos temas e países em exposição. Por exemplo, há um sushi bar no mesmo piso onde estão os expositores japoneses e na porta do pavilhão com a representação americana há uma barraca de american hot dogs (os cachorros quentes típicos).

Este é, alias, o maior pavilhão e o mais difícil de aceder. EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália, África do Sul e Israel são alguns dos países representados neste pavilhão, o único onde toda a gente é revistada à entrada. «É onde estão os países problemáticos», disse ao PortugalDiário um elemento da organização da feira. «São as manias deles», adiantou, embora garanta que «nunca houve nenhum problema de segurança».

Editoras sem apoio do Estado

Entrar no pavilhão de Portugal não traz dificuldade nenhuma. Itália, Espanha, Brasil e México, são alguns dos expositores vizinhos. Mais de 40 selos editoriais portugueses estão representados nesta feira, alguns com stand próprio, outros no stand da União dos Editores Portugueses.

Talvez mais editoras quisessem estar presentes, mas «os custos são elevados», disse ao PortugalDiário António Baptista Lopes, presidente da Associação Portuguesa de Editores Livreiros (APEL). O responsável lamenta «que os custos tenham de ser todos suportados pelos expositores». Por exemplo, um módulo com quatro prateleiras custa 400 euros, e a isso acresce o aluguer do mobiliário, a viagem, a alimentação, a estadia.

Bruno Pires Pacheco, secretário-geral da União dos Editores Portugueses (UEP) realça que Frankfurt é uma cidade cara. «Nos dias anteriores e posteriores à feira, um quarto num hotel de três estrelas custa à volta de cem euros, mas o valor triplica durante os dias da feira».

Ambas as entidades se queixam da falta de apoios por parte do Estado português. «Ha 10 anos, quando Portugal foi país tema, gastámos 1,5 milhões de contos numa participação faraónica. Podíamos ter gasto apenas um milhão e diluir o resto da verba no tempo», disse o responsável da UEP. A associação gasta 35 mil euros para estar presente neste certame, 15 mil dos quais são recuperados através do pagamento das inscrições por parte das editoras.

No entanto, para as editoras a participação na feira é considerada um investimento. «Os livros são vistos, conseguem-se negociar direitos de edição para o estrangeiro e também é uma questão de prestígio», disse o presidente da APEL. A mesma opinião tem o responsável da UEP, que deu um exemplo do retorno que o certame pode dar:

«Recordo-me de uma editora que não era para vir e que depois acabou por fechar aqui um negócio de 45 mil livros para o mercado internacional».

Também os autores portugueses têm marcado presença em Frankfurt. «Alguns a expensas próprias, outros a convite das editoras», disse António Baptista Lopes. Quem percorresse esta sexta-feira os corredores do pavilhão podia cruzar-se com José Rodrigues dos Santos, José Luís Peixoto, Gonçalo Tavares e Chakal. Ate domingo, Frankfurt vai continuar a ser a capital do livro.
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