Carolina falou sobre Valentim - TVI

Carolina falou sobre Valentim

Carolina Salgado chega ao tribunal - Foto de Estela Silva para Lusa

Apito Dourado: juiz ouviu ex-companheira de Pinto da Costa como testemunha. Magistrado invocou as «relações pessoais» entre o presidente do FCP e dois arguidos do processo. E entendeu que depoimento podia ser «importante para a descoberta da verdade»

[ACTUALIZADA ÀS 20:30]

Carolina Salgado depôs esta manhã como testemunha no âmbito do processo «Apito Dourado», que se encontra em fase de instrução no Tribunal de Gondomar. [A instrução é a fase destinada a apreciar a acusação]

De acordo com informações recolhidas pelo PortugalDiário, o depoimento foi prestado perante o juiz que conduz a instrução do processo relativo ao Gondomar Sport Clube.

Na origem da inquirição feita pelo juiz Pedro Miguel Vieira estão as «relações pessoais» entre o principal visado no livro «Eu, Carolina», Pinto da Costa, e dois arguidos do processo de Gondomar, Valentim Loureiro e o ex-presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, Pinto de Sousa. Esta foi a justificação adiantada pelo magistrado na notificação que enviou esta tarde aos arguidos do processo a dar conta da inquirição de Carolina.

«É de esperar que a cidadã Carolina Salgado possua conhecimentos que, expressos através do seu depoimento, possam auxiliar na descoberta da verdade», acrescentou ainda o juiz no documento enviado às partes.

O magistrado entendeu que a «inquirição» de Carolina Salgado, «atentas as revelações efectuadas no livro por si publicado e a posição que ocupou durante vários anos como companheira/mulher do cidadão Jorge Nuno Pinto da Costa», poderá ser «importante para a descoberta da verdade».

Assim sendo, o juiz decidiu proceder «de imediato» à «inquirição» de Carolina Salgado.

A autora do livro «Eu, Carolina» prestou depoimento no processo principal, o único pendente no Tribunal de Gondomar, e no âmbito do qual Valentim Loureiro está acusado por 26 crimes de corrupção activa na forma de cumplicidade.

Devia ser ouvida pelo MP. Acabou inquirida pelo juiz



Recorde-se que a antiga companheira do presidente portista tinha sido notificada para prestar declarações no Ministério Público (MP) de Gondomar, no âmbito de inquéritos que agora passaram para a alçada da equipa liderada por Maria José Morgado. A diligência junto do MP foi, por esse motivo, adiada.

Ouvida pelo PortugalDiário, a procuradora-geral adjunta Maria José Morgado confirmou que a diligência no Ministério Público de Gondomar ficou sem efeito e que Carolina deverá ser ouvida brevemente pela nova equipa encarregue de investigar todas as certidões extraídas do processo principal.

Isso mesmo terá sido comunicado a Carolina pelo procurador-adjunto que conduziu o inquérito do «Apito Dourado». Logo de seguida, o juiz de instrução aproveitou o facto de a antiga companheira de Pinto da Costa estar presente no tribunal para inquiri-la formalmente no âmbito do processo relativo ao Gondomar Sport Clube.

«É do meu conhecimento funcional que se encontra presente nas instalações deste Tribunal Judicial a cidadã Carolina Salgado, ex-companheira do cidadão Jorge Nuno Pinto da Costa (ex-arguido nos presentes autos)», referiu o juiz no despacho enviado às partes.

Além disso, acrescentou que o juiz de instrução tem competência para promover as diligências que entender necessárias à investigação e que o contraditório com os arguidos apenas terá lugar durante a fase final da instrução, ou seja, no debate instrutório. Por esse motivo, Carolina foi ouvida pelo juiz e sem a presença dos arguidos e do Ministério Público.
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