Apito: caso tem contornos «mafiosos» - TVI

Apito: caso tem contornos «mafiosos»

  • Portugal Diário
  • 15 dez 2006, 18:04

Afirmou o ex-vereador socialista de Gondomar, Ricardo Bexiga

O ex-vereador socialista de Gondomar, Ricardo Bexiga, alvo de agressões alegadamente por causa do processo «Apito Dourado» considerou-se hoje «cabalmente» satisfeito pela nomeação de Maria José Morgado para dirigir as investigações deste caso que disse ter contornos «mafiosos».

A nomeação de Maria José Morgado para liderar as investigações do processo Apito Dourado «responde cabalmente ao apelo que fiz segunda-feira ao senhor procurador e ao ministro da Justiça», disse à Lusa.

Após entregar no DIAP do Porto um exemplar do livro de Carolina Salgado - que revela detalhes sobre a agressão de que foi vítima em 2005 - Bexiga pediu ao Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, e ao ministro da Justiça, Alberto Costa, «todas as condições para que os órgãos de investigação criminal funcionem em Portugal e possam esclarecer os factos gravíssimos» relatados.

Três dias depois, Pinto Monteiro escolheu a procuradora-geral adjunta Maria José Morgado para dirigir a equipa do Ministério Público para todos os inquéritos já instaurados ou a instaurar conexos com o processo Apito Dourado, sobre corrupção no futebol.

Já hoje, o ministro da Justiça foi inquirido sobre a necessidade de mais meios para prosseguir com esta investigação, tendo garantiu total colaboração com o Ministério Público (MP).

Ricardo Bexiga, que segunda-feira se escusara a comentar o livro de Carolina Salgado, relevou agora o contributo da ex-companheira de Pinto da Costa para uma «reviravolta» no processo «Apito Dourado».

«O que está descrito no livro, configura uma situação com contornos mafiosos. E o que vivi também», acrescentou o ex-autarca.

Bastonário satisfeito

O Bastonário da Ordem dos Advogados considerou «positiva» a criação de uma equipa para coordenar a investigação do processo «Apito Dourado», escreve a Lusa.

Rogério Alves escusou-se, no entanto, a comentar a nomeação, em concreto, de Maria José Morgado para dirigir a equipa do MP responsável por todos os inquéritos já instaurados ou a instaurar.

«A distribuição, pela Procuradoria-Geral da República, de magistrados para funções específicas em determinadas áreas é positiva», afirmou o bastonário quando lhe foi pedido que comentasse a nomeação de Maria José Morgado para coordenar a investigação do processo «Apito Dourado».

Rogério Alves falava aos jornalistas, em Braga, na Universidade do Minho, à margem da 3ª conferência sobre «A revisão do Código de Processo Penal: que processo penal para o futuro em plena sociedade da globalização».

Questionado sobre declarações do ministro da Justiça, Alberto Costa, que hoje manifestou abertura para reforçar os meios operacionais para o combate à corrupção e à criminalidade em geral, Rogério Alves sustentou que «tal será bom se incidir em meios técnicos».

«É sabido que o Ministério Público se debate com falta de técnicos e peritos, em diversas áreas, nomeadamente as ligadas à investigação da criminalidade económica e financeira», disse Rogério Alves, frisando que tal deficiência atrasa os inquéritos.

«Embora as declarações do ministro sejam positivas, é preciso esperar para ver a sua fisionomia e o seu alcance prático», acrescentou o bastonário.
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