BCE pode ir ainda mais longe na subida das taxas de juro. Alemanha, França e Itália já admitem esse caminho - TVI

BCE pode ir ainda mais longe na subida das taxas de juro. Alemanha, França e Itália já admitem esse caminho

Banco Central Europeu (GettyImages)

Em causa está a evolução da inflação, que obriga o Banco Central Europeu a mexer nos juros para evitar que ela continue a subir de forma tão acentuada. Novas subidas são encargos adicionais nos seus créditos

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O cenário é traçado por três dos principais membros do Banco Central Europeu (BCE): os governadores dos bancos centrais da Alemanha, França e Itália antecipam que vai ser necessário o BCE subir ainda mais as taxas de juro de referência – com impacto direto, por exemplo, no crédito à habitação.

Deste modo, alimenta-se o debate sobre o caminho a seguir nas próximas semanas pelo BCE, uma vez que a evolução da inflação, com subidas maiores do que o esperado em fevereiro em várias economias europeias, está a alimentar a necessidade de subir juros para tentar controlar a própria inflação.

O presidente do alemão Bundesbank, Joachim Nager, antecipou “mais passos significativos nas taxas de juro” depois de março, mês em que está prevista uma subida de 50 pontos base. “O passo anunciado para a taxa de juro não será o último”, argumentou.

Segundo a Reuters, os mercados financeiros esperam que a taxa de depósito, atualmente nos 2,5%, atinja um pico de 4% em dezembro. Entre as taxas de referência, a taxa de depósito é aquela que determina os juros que os bancos recebem pelos depósitos realizados junto do BCE.

A posição francesa, na voz do governador François Villeroy de Galhau, é mais cautelosa, ao afirmar que o BCE deve ser mais “gradual” nos aumentos, terminando as subidas o mais tardar em setembro. “Não devemos cantar vitória demasiado cedo – mas [deveríamos ser] mais graduais e mais pragmáticos no ritmo das próximas subidas.”

No mesmo sentido segue Ignazio Visco, líder do Banco de Itália, ao apelar a subidas mais graduais, embora arrisque a dizer que a inflação está a dar sinais de desaceleração. “Podem colocar em dúvida a persistência da inflação em patamares elevados na Zona Euro, reforçando os argumentos a favor de uma normalização monetária global.”

Em fevereiro, a inflação em França, Espanha e na Alemanha superou todas as expectativas, sugerindo que o número da Zona Euro – que é conhecido esta quinta-feira – deve ficar acima da perspetiva de 8,2% prevista pelos economistas.

Em Portugal, a inflação abrandou em fevereiro pelo quarto mês consecutivo, para 8,2%.

Cenário preocupa investidores

Este cenário está a preocupar os mercados financeiros. Não tanto pelas declarações dos governadores dos bancos centrais mas sobretudo pela evolução da inflação, diz à CNN Portugal o analista de mercados Filipe Garcia. “Estamos todos a olhar para o mesmo”, resume.

Neste momento, a perspetiva é de que existam três subidas de 50 pontos base até ao final do verão. Se a perspetiva inicial era de 25 pontos base para o último aumento, está agora nos 50 pontos.

“Devido aos números da inflação na Europa, e não só, começou a incorporar-se mais subidas [nas perspetivas dos mercados]”, atesta o analista. No “não só” inclui-se uma “inflação bem como uma atividade económica acima do esperado” do outro lado do oceano, nos Estados Unidos da América.

Segundo Filipe Garcia, os principais receios estão em quanto tempo vai durar a inflação alta. “Esta inflação não é repetível muito tempo. Até porque os consumidores não aguentam muito tempo”, diz, acrescentando que “o mercado está um bocado assustado” com este indicador – notório, por exemplo, nas taxas que estão implícitas nas curvas de rendimento.

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