Referendo com verbas milionárias

O Bloco de Esquerda criticou esta terça-feira o orçamento «milionário» das campanhas dos movimentos a favor do «não» no referendo sobre o aborto, que segundo o partido prevêem gastar cerca de 630 mil euros, escreve a Lusa.

«Todos os movimentos do «não» prevêem uma despesa de 630 mil euros, mas apenas 80 mil euros de receitas», afirmou Jorge Costa, do secretariado do Bloco de Esquerda e coordenador da área da comunicação na campanha do partido para o referendo de 11 de Fevereiro.

Entre todos os movimentos do «não», o maior orçamento é o da «campanha milionária» da «Plataforma Não Obrigada», que inscreveu 427.735 euros de despesas, segundo o Bloco de Esquerda. Desses, 363 mil já foram gastos desde Dezembro em outdoors e panfletos distribuídos pelas caixas de correio, ainda de acordo com números fornecidos pelo Bloco de Esquerda à Lusa.

«Gostaríamos de saber como conseguem o milagre de fazer uma campanha de mais de 600 mil euros, quando apenas têm uma receita de 80 mil», disse Jorge Costa, salientando que o Bloco de Esquerda espera agora «esclarecimentos sobre a c apacidade financeira» dos movimentos a favor do «não».

Questionado sobre como o Bloco de Esquerda teve acesso a estes números, já que a «Plataforma Não Obrigada» apenas irá divulgar o orçamento da sua campanha esta tarde e a Comissão Nacional de Eleições (CNE) também só hoje irá decidir se torna públicos os orçamentos de campanha entregues pelos movimentos e partidos, Jorge Costa garantiu que «não são dados de espionagem. São informações que temos através da CNE», acrescentou, sem precisar a forma como foram fornecidos os dados.

Jorge Costa salientou ainda que só o orçamento da «Plataforma Não Obrigada» para os outdoors corresponde ao «dobro do que o PS irá gastar e mais do que os orçamentos do PS e do Bloco de Esquerda juntos». Segundo o orçamento do Bloco de Esquerda para a campanha, o partido irá gastar ao todo cerca de 133 mil euros.

Este dirigente bloquista explica que a campanha dos movimentos do «não» «é uma campanha milionária que não pensa na economia, mas que vem com o discurso de que o Estado não pode ajudar as mulheres pobres que precisam de recorrer ao aborto», sublinhou.

No fim-de-semana, o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, já tinha acusado o ex-ministro das Finanças Bagão Félix de dirigir uma campanha a favor do «não» financiada por «milionários anónimos».