Entre a ciência e a fé - TVI

Entre a ciência e a fé

«Requiem» retrata a história real de uma jovem alemã que morreu na sequência de vários exorcismos. Epilepsia ou possessão demoníaca? A dúvida persiste

Michaela Klingler é uma jovem alemã de 21 anos. Oriunda de uma família profundamente religiosa e conservadora, consegue, a custo, convencer a mãe a deixa-la frequentar a universidade, o que implica sair de casa e mudar-se para uma residência de estudantes.

A Alemanha rural dos anos 70 é o cenário de «Requiem», o filme de Hans-Christian Schmid, apresentado esta quarta-feira no Fantasporto, que gira em torno de uma jovem inocente que tinha como sonho ser professora. Boa aluna, Michaela evolui também em termos sociais: faz amigos, começa a namorar, a sair à noite. Mas nem tudo corre bem. A jovem, a quem vários médicos tinham diagnosticados epilepsia, recomeça a ter ataques e a ouvir vozes que a insultam.

Seguindo a sua educação católica, Michaela vira-se para a fé. Tenta rezar, mas não consegue e cada vez mais as vozes estão mais fortes. A jovem começa então a acreditar que está possuída por demónios, deixa de tomar os medicamentos e procura ajuda em dois padres, que acabam por lhe realizar vários exorcismos, que lhe custam a vida.

Requiem é baseado na vida de Anneliese Michel, a jovem alemã, cuja história inspirou também o «Exorcismo de Emily Rose», mas Hans-Christian Schmid não nos bombardeia com cenas de horror, como fez o congénere norte-americano. Esta é uma película mais calma. Abdica das imagens em que a jovem come insectos e bebe a própria urina e o exorcismo surge apenas no final e não ocupa o lugar central do filme. Esse papel cabe a Sandra Hüller, a actriz que encarna a pele de Anneliese Michel, num desempenho excepcional, que lhe valeu Urso de Prata no 56º Festival Internacional de Cinema de Berlim de 2006. Requiem arrecadou ainda o prémio da crítica no mesmo festival e melhor filme no Festival Internacional de Cinema da Catalunha de Sitges.
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