Análise: petróleo vai voltar a passar dos 100 dólares - TVI

Análise: petróleo vai voltar a passar dos 100 dólares

Plataforma petrolífera (arquivo)

Investidores e especuladores estão a regressar

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Os preços do petróleo nos EUA estão novamente a acelerar. Desde meados de Fevereiro já duplicaram e os analistas acreditam que não ficará por aqui. Tudo porque a economia asiática começa a recuperar e faz prever a retoma da procura, que a oferta pode não conseguir acompanhar.

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Embora os especialistas considerem que a subida recente foi demasiado rápida, e não sustentada por factores fundamentais, a maioria não tem dúvidas de que, a médio prazo, eles vão subir ainda muito mais.

O último pico do preço do petróleo foi em meados do ano passado, com os preços a chegarem perto dos 150 dólares, na altura com os especuladores a serem apontados como os grandes culpados. O assunto acabou por sair da ordem do dia à medida que a correcção acelerou, devido à crise económica, que pressionou o consumo e acabou por levar a cotação do crude para perto dos 30 dólares.

Subida recente não se deve a maior procura

Nas últimas semanas, a retoma dos preços nada teve a ver com razões de oferta e procura, até porque a Agência Internacional de Energia (AIE) prevê que a procura mundial fique este ano 2,5 milhões de barris diários abaixo da média de 2008. E nem mesmo o facto de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) ter vindo a cortar a produção desde Setembro para impulsionar os preços conseguiu fazer baixar as reservas, que se mantêm historicamente elevadas.

«Considerando que a oferta permanece elevada e que a procura está fraca, o facto de os preços do petróleo estarem a subir parece uma coisa estranha», afirmou o economista chefe do Deutsche Bank para a energia, Adam Sieminski, citado pela CNN. «Mas esses factores estão a ser completamente ofuscados por uma imensa onda de alívio pelo facto de não estarmos a entrar numa nova Grande Depressão. E por causa disso, há muito dinheiro a sair dos colchões».

Ou seja, o dinheiro está a voltar aos mercados. Os investidores, incluindo os especuladores, estão de volta.

Queda do dólar impulsiona preços

A Morgan Stanley alertou numa nota recente que a relação inversa entre a queda do dólar e a subida do crude está a atingir um novo recorde. Uma vez que o petróleo é negociado em dólares, sempre que a divisa norte-americana baixa, o petróleo torna-se mais barato para quem negoceia noutras moedas.

Os receios relacionados com o crescente défice dos EUA tem levado muitos investidores a evitarem o dólar, fazendo com que este se desvaloriza face a outras moedas. À medida que o dólar cai, o petróleo sobe e se a divisa cair mais, o petróleo ficará mais caro.

Falta agora saber até onde podem subir e quão depressa, e de acordo com os especialistas citados pela CNN, isso dependerá, em última análise, da capacidade que os produtores revelarem de fazer frente à procura futura, que dependerá também da retoma económica.

Petrolíferas cortaram investimento em novos poços

Mas aqui entra ainda outro factor: o corte que as empresas do sector têm estado a fazer em termos de investimento. Maior produção implica mais prospecção, novas plataformas de extracção e novas refinarias. Mas o que está a acontecer na prática é ao contrário.

Em Maio deste ano, a AIE afirmou esperar uma queda de 21% no investimento global em petróleo e gás, face a 2008, ou seja, menos 100 mil milhões de dólares. A OPEP também tem afirmado que muitos dos projectos de prospecção dos seus membros estão suspensos.

Entretanto, a retoma económica começa a dar sinais na Ásia. O consumo de petróleo da China atingiu em media 7,6 milhões de barris por dia em Abril, o maior de sempre, à medida que circulam rumores de que o Governo está a acumular reservas de matérias-primas.

Alguns analistas acreditam que o preço pode chegar aos 85 dólares por barril este ano e aos 95 em 2010. O Deutsche Bank aponta para os cem dólares em 2015, mas isso
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