Vem aí bomba

A hipótese foi lançada pelo General Ramalho Eanes: «Se não fosse a crise, Cavaco devia considerar dissolver o Parlamento». Uma coisa é certa, depois de nova aprovação do Estatuto Político-Administrativo dos Açores pelo Parlamento, o Presidente da República vai ter mesmo de reagir.

Simplesmente porque foi ele a atribuir um enorme grau de importância a este assunto, primeiro com o envio do diploma para o Tribunal Constitucional, depois com um enorme frenesim noticioso elaborado em redor de uma comunicação ao país e terminando com a devolução do texto para a Assembleia da República.

Com esta decisão dos deputados, que não ligaram absolutamente nada aos avisos do PR (menos o PSD e, mesmo esse, só se absteve), Cavaco vai ter de fazer alguma coisa. A dissolução seria radical, mas coerente, pois nesta altura vê-se obrigado a promulgar algo com que está frontalmente contra e considera ser uma grande ameaça aos seus poderes.

Resta saber o que vai acontecer. Talvez a «bomba atómica», mesmo em tempos de crise.