Por diversas vezes durante o processo, Sócrates afirmou que a acusação era "monstruosa, injusta e completamente absurda".
Quase sete anos depois da detenção do ex-primeiro-ministro, a decisão sobre a ida a julgamento dos arguidos da Operação Marquês deverá ser conhecida no primeiro trimestre deste ano.
Ministério Público pede mão pesada
O procurador do Ministério Público Rosário Teixeira pediu que os 28 arguidos sejam julgados pelos crimes de que estão acusados, que vão desde a corrupção, branqueamento de capitais, fraude fiscal, entre outros, alegando que só dessa forma se pode evitar a desconfiança dos cidadãos na igualdade de tratamento perante a Justiça.
O acusador argumentou que os factos investigados "merecem ser levados a julgamento para um cabal esclarecimento".
Num processo com 28 arguidos (19 pessoas e nove empresas), foram realizados na fase de instrução 11 interrogatórios a arguidos e inquirição de 44 testemunhas, o que perfaz mais 133 horas.
Além da análise dos elementos de prova, ao tribunal foram colocadas 73 questões jurídicas, entre nulidades processuais, questões sobre inconstitucionalidade e de enquadramento jurídico-penal, a somar aos oito pareceres jurídicos, num total de 1.074 folhas.
A acusação do MP, elaborada por sete procuradores, é composta por 11 volumes (mais de 5.000 folhas), 14.084 segmentos de factos e 189 crimes, dos quais 31 ilícitos penais atribuídos ao ex-primeiro-ministro.
Em causa estão quase 200 crimes económico-financeiros e do rol de arguidos consta, além do ex-chefe do Governo, o ex-banqueiro no Grupo Espírito Santo Ricardo Salgado, o ex-ministro e antigo banqueiro Armando Vara, oZeinal Bava e Henrique Granadeiro, da Portugal Telecom, o empresário Carlos Santos Silva, amigo de Sócrates, e os empresários Carlos Barroca, Helder Bataglia.