A Câmara de Peniche está a ameaçar retirar as suas contas da Caixa Geral de Depósitos se o balcão de Atouguia da Baleia vier a encerrar, como está previsto na lista enviada à Assembleia da República.
"Quer a Câmara, quer os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento têm contas, com um saldo médio superior a um milhão de euros, e outras operações que poderemos equacionar retirar da CGD" se se mantiver a decisão, disse hoje à Lusa o presidente da Câmara, António José Correia.
Se a CGD não precisa de Peniche, Peniche também não precisa da CGD".
O autarca adiantou que, na reunião de segunda-feira, a câmara municipal aprovou uma moção a enviar ao ministro das Finanças e ao conselho de administração da CGD a "contestar" o encerramento do balcão de Atouguia da Baleia.
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Atouguia da Baleia é um dos 61 balcões que a CGD pretende encerrar no país, segundo a "lista atualizada e revista" enviada à comissão parlamentar de recapitalização e gestão do banco público.
Datado de 22 de março, o documento enviado pelo presidente do conselho de administração da CGD, Rui Vilar, indica que deverão encerrar "nesta fase" 18 agências na área da Grande Lisboa, 15 a norte, 15 a sul e nas regiões autónomas e 13 na zona centro.
Antes, o plano passava pelo encerramento de 70 balcões, cerca de 50 no final deste mês e os restantes até final do ano.
Com o processo de recapitalização prevê que a redução de agências atinja as 180 no final de 2020 - uma reestruturação que tem levantado dúvidas ao PCP, Bloco de Esquerda e "Os Verdes" e que conta já com a oposição do PSD.
A reavaliação da lista de agências a fechar foi negociada com Bruxelas pela anterior administração do banco público, liderada por António Domingues, e é uma das contrapartidas acordadas para que a recapitalização da CGD que está a decorrer, num montante superior a 5.000 milhões de euros, não seja considerada ajuda de Estado.
A CGD apresentou prejuízos históricos de 1.859 milhões de euros no ano passado, dez vezes mais do que os resultados negativos de 171 milhões de euros de 2015, o que foi justificado pela constituição de novas imparidades (perdas potenciais, sobretudo para crédito) num montante superior a 3.000 milhões de euros.