O Presidente da República considera que os dados da execução orçamental revelados pelo Governo são um indicador e espera que os analistas e os credores de Portugal tenham em conta esses números.
Questionado se o facto de o défice de 2010 ficar «bem abaixo» dos 7,3% previstos, conforme anunciou o primeiro-ministro afasta de vez a necessidade de recorrer a ajuda externa, Cavaco Silva hesitou. «Eu não digo que é uma garantia, digo que é um indicador, que esperemos que os credores de Portugal o analisem e tenham em consideração», afirmou citado pela Lusa, em declarações aos jornalistas em Elvas, durante uma acção de campanha para as eleições de 23 de Janeiro.
Referindo-se à «folga» orçamental de 800 milhões de euros anunciada pelo Governo, Cavaco Silva sublinhou que foi por essa razão que na segunda-feira disse para não se dificultar o trabalho do executivo.
«Acabou de ser anunciado há pouco com 800 milhões para além da previsão, por isso eu ontem [segunda-feira] dizia que não se criem dificuldades aos esforços que o Governo está a fazer para evitar que o Fundo de Estabilização Europeu seja necessário», declarou.
«Se o Governo não pedir, (o fundo europeu de estabilização financeira) nunca entrará em Portugal. Por isso eu tenho repetido e reafirmo que não se deve especular porque prejudica o país em relação às hipóteses, são apenas hipóteses de Portugal ter que recorrer a instituições internacionais para conseguir refinanciar-se», acrescentou.
Também o candidato presidencial Defensor Moura manifestou a sua satisfação pela execução orçamental. O deputado socialista, que falava aos jornalistas à margem de uma visita a uma instituição de solidariedade social de Viana do Castelo, felicitou o Governo e todas as instituições envolvidas na obtenção deste resultado «positivo».
«Acho que todos devemos fazer um esforço para cumprir o que foi acordado, infelizmente nem sempre essas ajudas são muito visíveis e às vezes parece que depois dos acordos, se quer que as coisas não sejam concretizadas. Neste caso conseguiu-se concretizar e penso que esse objectivo pode ser importante para que se evite a intervenção do FMI», afirmou.
Já Francisco Lopes criticou a «absolutização do défice». «Ninguém que se preocupe com o povo português e com Portugal pode estar satisfeito com o rumo que, independentemente desta ou daquela meta do défice, significa mais comprometimento da produção e do futuro, mais injustiças sociais e mais empobrecimento», afirmou o candidato a Belém apoiado pelo PCP e Verdes.
Para este candidato, os números anunciados pelo Governo «traduzem não uma opção de futuro, para desenvolvimento, produção, criação de riqueza, melhoria das condições de vida».
Cavaco espera que mercados tenham em conta défice de 2010
- Redação
- PGM
- 11 jan 2011, 13:36
Defensor Moura aplaude Governo, Francisco Lopes critica obsessão com dédice
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